O conselheiro do TCE-RJ, Domingos Brazão, é suspeito de mandar matar a vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ), segundo o policial reformado Ronnie Lessa, que confessou ter atirado na parlamentar e no seu motorista, Anderson Gomes. Brazão já foi aliado da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e pediu votos para ela em 2014, junto com o deputado Eduardo Cunha (MDB). A informação é do colunista Paulo Cappelli, do Metrópoles.
Brazão conseguiu o apoio da Alerj, inclusive do PT, para ser nomeado ao TCE, meses depois de apoiar Dilma. Na época, a Alerj era presidida por Jorge Picciani, do mesmo partido de Brazão.
Ronnie Lessa disse em delação premiada que Brazão encomendou a morte de Marielle por vingança contra o ex-deputado do PSOL, Marcelo Freixo, que hoje é presidente da Embratur e filiado ao PT.
Freixo e Brazão tiveram conflitos políticos na Alerj, anos atrás. Freixo foi colega de trabalho de Marielle por dez anos e liderou a CPI das Milícias em 2008, que apontou Brazão como um dos políticos que podiam fazer campanha em Rio das Pedras.
O advogado de Brazão, Márcio Palma, disse que não sabia dessa informação e que só soube pela imprensa. Ele falou que não pode ver os autos, porque seu cliente não era alvo da investigação.
Brazão foi preso em 2017, acusado de receber propina de empresários. A operação, chamada de Quinto do Ouro, foi um desdobramento da Lava Jato. Por isso, Brazão ficou quatro anos afastado do TCE-RJ. Em 2019, a PGR acusou o conselheiro de atrapalhar as investigações do caso Marielle.
O policial Ronnie Lessa está preso desde 2019, e foi condenado em 2021 por se desfazer de provas sobre o caso. Sua delação ainda tem que ser validada pelo STJ, porque Brazão tem foro privilegiado por causa do seu cargo no Tribunal de Contas do Rio de Janeiro.
