O coordenador do grupo da PGR que investiga os atos antidemocráticos, o subprocurador-geral Carlos Frederico dos Santos, disse que a delação do ex-assessor de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, é fraca juridicamente, pois se baseia apenas em narrativas.
Em entrevista ao O Globo, Santos afirmou que não há provas suficientes para denunciar Bolsonaro ou qualquer outro envolvido nos casos investigados, como os atos antidemocráticos, o decreto apócrifo de 8 de janeiro ou as joias recebidas da Arábia Saudita. Santos já tinha dado uma opinião parecida à Veja, na semana anterior.
Santos explicou ao O Globo que um acordo de delação precisa ser confirmado por outras evidências. “Quando nós temos um acordo de delação, tudo que é dito precisa ser corroborado. Não posso dizer que uma peça dessa será proveitosa se isso não acontecer. Não faço críticas à Polícia Federal nem a quem firmou o acordo, mas meu olhar é do órgão acusador e, nessa perspectiva, pode afirmar que ali há só narrativas e não há robustez para o oferecimento de denúncia. Então, diante de não haver isso, ela é fraca.”
Santos também questionou o fato de a delação ter sido feita com a Polícia Federal, que não tem competência para isso, mas não criticou a instituição.
Santos disse que será preciso aprofundar as investigações e as declarações de Cid, que não indicam nada de concreto sobre os crimes investigados. Cid, na delação, teria afirmado que Bolsonaro participou da discussão sobre um decreto falso encontrado na casa do ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, em janeiro deste ano. Mas não apresentou nenhuma prova.
Santos é o procurador que vai analisar o relatório da CPMI do 8 Janeiro, que pede o indiciamento de 61 pessoas, entre elas Bolsonaro.
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