O recente desmonte da Cracolândia, uma das áreas mais críticas de vulnerabilidade social em São Paulo, reacendeu debates intensos entre diferentes setores da sociedade. Figuras conhecidas do ativismo social, como o padre Julio Lancellotti, manifestaram forte descontentamento com as ações das autoridades e a condução do processo.
Em vídeo publicado nas redes sociais, o religioso expressou sua insatisfação, utilizando o depoimento de uma pessoa com suposta dependência química, cuja identidade foi preservada.
A região, que por anos simbolizou o fracasso das políticas de enfrentamento à dependência química, tornou-se um polo de programas sociais, projetos públicos e repasses financeiros voltados para o “acolhimento humanizado”. No entanto, críticos apontam que, ao longo do tempo, esse modelo teria se tornado insustentável, dando origem a um ciclo de interesses envolvendo ONGs, fundações, consultores e especialistas.
Com a mudança de abordagem, pautada por ações mais diretas das forças de segurança e pela adoção de medidas firmes de ordem pública, essa estrutura começou a ser desmobilizada. A consequência imediata foi o colapso de uma rede que, segundo analistas políticos, dependia da continuidade do problema para se manter ativa.
Setores ligados à esquerda política e militância social perderam espaço diante das novas diretrizes implementadas. Para críticos desse campo ideológico, a romantização da Cracolândia teria apenas prolongado o sofrimento de milhares de pessoas, ao passo que a atual gestão busca soluções mais pragmáticas, mesmo que polêmicas.
Enquanto o governo defende os resultados positivos da intervenção, ativistas continuam alertando para os riscos de uma abordagem baseada apenas na repressão, sem políticas de saúde e reinserção. O debate segue aberto: qual o caminho mais eficaz para enfrentar um problema tão complexo quanto a dependência química em massa?