O Centro Carter, organização americana que atuou como observadora nas eleições presidenciais de 28 de julho na Venezuela, apresentou ao Conselho Permanente da Organização dos Estados Americanos (OEA), nesta quarta-feira (2), evidências que confirmam a vitória do candidato oposicionista Edmundo González Urrutia. As informações foram divulgadas durante uma sessão em Washington, nos Estados Unidos.
Evidências de irregularidades
De acordo com Jennie Lincoln, assessora principal do Centro Carter para a América Latina, foram entregues atas originais de votação contendo códigos QR, que permitiram uma coleta precisa dos resultados em milhares de mesas eleitorais.
— As atas contêm um código QR que possibilita que testemunhas, em um grande número de seções eleitorais, recolham dados de maneira organizada e sistemática — explicou Lincoln durante a sessão.
Os documentos indicam que González Urrutia, principal nome da coalizão de oposição ao governo de Nicolás Maduro, obteve 67% dos votos. No entanto, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) declarou Maduro como vencedor, sem divulgar as atas com os resultados detalhados.
Falta de transparência
Lincoln destacou que a decisão do CNE de não disponibilizar os dados das urnas e planilhas de contagem não corresponde aos padrões internacionais de transparência.
— A ausência de transparência por parte do CNE e sua recusa em fornecer os dados das máquinas de votação e planilhas de contagem para justificar sua declaração não atende aos requisitos internacionais — afirmou Lincoln.
Críticas ao processo eleitoral
Durante a mesma sessão, o secretário-geral da OEA, Luis Almagro, também expressou sua insatisfação com o processo eleitoral na Venezuela.
— Como previsto, o processo não foi livre, justo nem transparente. Foi realizado em violação aos acordos estabelecidos — criticou Almagro.
Observadores internacionais limitados
O Centro Carter e uma pequena delegação das Nações Unidas foram as únicas entidades autorizadas a monitorar o processo eleitoral de maneira independente. O órgão eleitoral da Venezuela, alinhado ao governo Maduro, anunciou que o presidente obteve 51,95% dos votos, enquanto González Urrutia alcançou 43,18%. No entanto, os números apresentados pelo Centro Carter revelam uma discrepância significativa com os dados oficiais divulgados pelo CNE.
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