O ex-chefe da AEED (Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação), do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), e ex-auxiliar do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), Eduardo Tagliaferro, concedeu uma entrevista ao Estadão, onde fez novas revelações sobre as conversas entre ele e o juiz instrutor do gabinete de Alexandre de Moraes, Airton Vieira que também é desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP).
Esta é a segunda entrevista que ele concede após a Folha de São Paulo, divulgar parte dos 6 gigas bytes de conversas entre ele e Vieira, que foram vazadas, e a Folha teve acesso com exclusividade. A primeira foi para a Revista Oeste e desta vez, para o Estadão.
Tagliaferro disse que sempre teve dúvidas dos procedimentos adotados pelo ministro Alexandre de Moraes. Porém, cumpria ordens e questionou: “quem vai dizer não para o homem?”. Ele contou detalhes da sua rotina com Moraes em entrevistas para a Revista Oeste e o jornal Estadão.
“Eu era um funcionário. É como se fosse um cozinheiro e o dono do restaurante falasse assim: ‘Quero que você faça feijoada hoje; coloque beterraba na feijoada’. Suponha que respondi: ‘Ah, mas beterraba não’. E o chefe respondeu: ‘Não. Põe beterraba’. ‘Está bem, colocarei a beterraba’”, disse à Revista Oeste. A entrevista foi publicada na sexta-feira (23).
Já o Estadão publicou a conversa com Tagliaferro neste sábado (25). O jornal perguntou para ele, se houve pedidos “indevidos” de Alexandre de Moraes. Tagliaferro disse que “não é técnico” para responder à pergunta, mas que “muitas vezes tinha a sensação” de que algumas solicitações de Moraes não eram relacionadas às eleições ou ao próprio TSE.
“Questionei meus superiores e me foi explicado que estava tudo certo, não havia problema nenhum e que era para seguir apenas fazendo o meu trabalho. Não questionei e busquei fazer o meu melhor, sem maiores ponderações. Espero que eles realmente estejam certos”, disse ele.
Outro questionamento feito pelo Estadão a Tagliaferro foi se “havia um direcionamento de suas pesquisas sobre bolsonaristas?”. Ele respondeu o seguinte: “Posso afirmar que a direita foi mais investigada sim. Poucas e raras as pessoas de esquerda para quem recebi demandas de investigações. Isso é estatístico. Basta olhar meus relatórios e a quantidade de perfis e contas que bloqueamos no curso das eleições”.
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