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PF apura possível tentativa de fuga de Mauro Cid após viagem da família aos EUA

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A Polícia Federal deflagrou nesta sexta-feira uma nova operação que tem como alvo o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Um dos elementos que motivaram a ação foi a viagem recente de familiares de Cid para os Estados Unidos, levantando suspeitas de um possível plano de fuga.

Família viaja para os EUA e levanta suspeitas

No final de maio, os pais de Mauro Cid, seu pai Mauro Lourena Cid e a mãe Agnes Barbosa Cid, além de sua esposa Gabriela Santiago Ribeiro Cid e uma das filhas, embarcaram com destino a Los Angeles, nos Estados Unidos. A defesa do militar confirmou a viagem, afirmando que a ida teve como objetivo participar de uma comemoração familiar — a formatura de um sobrinho e o aniversário de 15 anos de uma sobrinha. Segundo os advogados, todos os membros da família têm passagens de ida e volta e não há nenhuma restrição legal que os impeça de sair do Brasil.

Buscas e novo depoimento

Agentes da PF cumpriram mandado de busca e apreensão na residência de Mauro Cid, localizada em Brasília, por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O militar também foi convocado a prestar um novo depoimento nesta sexta-feira.

Passaporte português entra na investigação

As investigações se intensificaram após a Procuradoria-Geral da República (PGR) identificar a possível tentativa de obtenção de um passaporte português em nome de Mauro Cid. De acordo com o procurador-geral Paulo Gonet, o ex-ministro do Turismo Gilson Machado teria procurado o consulado português no Recife no dia 12 de maio para tentar viabilizar a emissão do documento, que não chegou a ser expedido.

Machado foi preso por suspeita de envolvimento na tentativa de facilitar a fuga de Mauro Cid, mas, até o momento, o tenente-coronel segue em liberdade. A PGR solicitou urgência na adoção de medidas restritivas, alegando que há fortes indícios de obstrução da Justiça e favorecimento pessoal.

Cidadania portuguesa sob análise do STF

Em resposta a questionamento do STF, Mauro Cid informou que solicitou cidadania portuguesa em janeiro de 2023, alegando que toda sua família já possui o direito à dupla nacionalidade. Em 2024, ele chegou a obter um documento de identidade português, que tem validade apenas dentro de Portugal e não serve como passaporte.

Os advogados do tenente-coronel se colocaram à disposição para entregar o documento ao Supremo, caso a Justiça considerasse necessário.

Delação em risco

A colaboração premiada firmada por Mauro Cid com a Justiça pode ser anulada caso se comprove que ele tentou burlar as investigações ou deixar o país ilegalmente. O procurador-geral apontou que as ações recentes indicam que tanto Cid quanto Gilson Machado buscavam alternativas para garantir a saída do militar do Brasil e, com isso, evitar a aplicação da lei penal.

A suposta tentativa de fuga coincide com a etapa final da instrução processual da ação penal que investiga o envolvimento de Mauro Cid na tentativa de golpe de Estado. Por isso, a PGR entende que é necessário adotar medidas mais severas para garantir que o processo siga seu curso legal até o julgamento final.

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