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Parlamento da Venezuela pede que Celso Amorim seja declarado “persona non grata” no país

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O presidente do Parlamento da Venezuela, Jorge Rodríguez, anunciou a intenção de declarar Celso Amorim, assessor especial do Brasil, como “persona non grata” no país. Rodríguez acusa Amorim de agir como um “instrumento” de Jake Sullivan, conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, ao observar as eleições venezuelanas de 28 de julho. Segundo ele, a atuação do assessor brasileiro teria prejudicado o andamento do processo eleitoral, o qual resultou na reeleição de Nicolás Maduro, vitória que o Brasil, por sua vez, não reconheceu.

Declarações sobre o papel de Amorim no processo eleitoral

Rodríguez emitiu um comunicado destacando que Amorim teria atuado “em nome de Sullivan” e desempenhado um papel que ele considerou inadequado, como “interlocutor do governo dos EUA”. O presidente do Parlamento venezuelano afirmou que, em vez de cumprir sua função como representante brasileiro, Amorim teria adotado uma postura alinhada aos interesses norte-americanos, que ele descreveu como “imperialistas” e contrários à autonomia venezuelana.

“Seu comportamento foi absolutamente submisso aos desejos de um império agressor que busca interferir em nossa nação, comprometida em defender sua soberania e liberdade”, afirmou Rodríguez.

Amorim critica falta de transparência nas eleições venezuelanas

Celso Amorim respondeu às acusações nesta terça-feira (29), dizendo que o princípio da transparência foi desrespeitado nas eleições venezuelanas. Em sua visão, sem a divulgação das atas detalhadas, o Brasil não reconhece os resultados proclamados, tampouco a vitória de Maduro. Amorim ressaltou que a posição brasileira é guiada pela defesa da democracia e pela não interferência em questões internas de outros países.

Rodríguez, ao reagir à fala de Amorim, sugeriu que o assessor brasileiro revise sua conduta se deseja respeitar a não intervenção nos assuntos venezuelanos, um princípio que o Brasil alega seguir.

Disputa eleitoral e crise diplomática

A oposição venezuelana, por meio da principal coalizão, classificou o resultado das eleições como “fraudulento” e apresentou 83,5% das atas coletadas como prova da vitória de Edmundo González Urrutia, que atualmente vive no exílio na Espanha. No entanto, Amorim destacou que o Brasil tampouco reconhece a vitória da oposição enquanto as atas completas não forem publicadas.

As relações entre Brasil e Venezuela têm se tornado cada vez mais delicadas após o pleito. Um dos principais pontos de tensão foi a insistência brasileira para que a Venezuela publicasse um detalhamento dos resultados das eleições, medida que também conta com apoio de parte da comunidade internacional.

Divergências diplomáticas e posição do Brasil no BRICS

A tensão bilateral aumentou na última semana com a decisão do governo de Luiz Inácio Lula da Silva de não apoiar a adesão da Venezuela ao BRICS, bloco econômico composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

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