Durante uma entrevista ao podcast Balaio, o pastor Silas Malafaia, uma das figuras mais influentes do meio evangélico no Brasil, abordou um tema que costuma gerar desconforto e polêmica: o processo de sucessão dentro das igrejas, especialmente quando envolve membros da própria família.
O líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo (ADVEC) revelou que seu filho, o pastor Silas Malafaia Filho, ocupa atualmente a vice-presidência da instituição. A nomeação, porém, segundo Malafaia, não teria sido motivada por vínculo familiar, mas por mérito e trajetória dentro da igreja.
“Ele não está onde está por ser meu filho”, afirmou o pastor, ao explicar que Silas Filho percorreu diferentes etapas ministeriais, liderando igrejas locais e sendo supervisionado por outros pastores antes de chegar à alta liderança.
Debate sobre hereditariedade na liderança evangélica ganha força
Apesar da justificativa, o assunto reacendeu críticas frequentes dentro do universo evangélico: o de que muitas igrejas estariam adotando um modelo de sucessão hereditária, favorecendo filhos, genros e parentes de pastores presidentes na linha de comando, como se fossem organizações familiares e não instituições religiosas.
Esse tipo de gestão tem sido um dos principais motivos de rachas internos e disputas judiciais em diversas denominações evangélicas. Em muitos casos, os estatutos das convenções são alterados para permitir legalmente a ascensão de familiares ao topo da hierarquia eclesiástica.
Exemplos que ilustram o modelo familiar no comando evangélico
O caso da CGADB (Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil) é frequentemente citado nesses contextos. A liderança da instituição passou das mãos do renomado pastor José Wellington Ferreira da Costa para seu filho, José Wellington Júnior — mantendo a influência da família Ferreira da Costa por décadas.
Esse padrão se repete em diversas Assembleias estaduais e outras convenções do país, onde líderes mais antigos preparam a sucessão ainda em vida, indicando parentes próximos como herdeiros ministeriais.
Críticas nas redes sociais apontam para falta de transparência
Internautas reagiram com ceticismo à declaração de Silas Malafaia. Um comentário que viralizou questionava a rapidez com que Silas Filho chegou à vice-presidência:
“No mínimo você acha que esse rapaz com essa carinha jovem já passou por tudo isso que ele falou? Foi bem rápido, promissor e com sucesso essa carreira!!!”, escreveu um usuário nas redes.
Reflexão: instituição ou dinastia?
O debate sobre nepotismo no meio evangélico continua sendo um dos tópicos mais discutidos entre líderes, teólogos e membros das igrejas. Embora muitos defendam a sucessão por preparo espiritual e liderança consolidada, a crítica permanece sobre o excesso de influência familiar em instituições que deveriam, em tese, priorizar a vocação e o chamado divino.