Lava Jato: Juiz lulista admite telefonema para intimidar filho de desembargador

O juiz federal Eduardo Appio admitiu, pela primeira vez, ser o autor de uma ligação telefônica para o advogado João Eduardo Barreto Malucelli, que foi o estopim para sua remoção da 13ª Vara Federal de Curitiba. Esse incidente também gerou a intervenção da corregedoria do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Eduardo Appio e a 13ª Vara Federal de Curitiba

Appio esteve à frente da 13ª Vara de Curitiba, conhecida pelos processos relacionados à Operação Lava Jato, entre fevereiro e maio de 2023. A função havia sido ocupada anteriormente pelo ex-juiz e atual senador Sergio Moro (União-PR). João Eduardo, por sua vez, é sócio de Moro e filho do desembargador Marcelo Malucelli, que atua no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) em processos ligados à Lava Jato.

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Tentativa de justificativa no programa “Dando a Real”

Durante uma entrevista no programa Dando a Real, exibido pela TV Brasil, Appio tentou explicar os motivos por trás da ligação. Segundo ele, o telefonema foi motivado pela falta de confiança em terceiros para confirmar a relação entre o advogado João Eduardo e o desembargador Malucelli.

O telefonema, no qual Appio se passou por outra pessoa, foi gravado por João Eduardo e interpretado como uma ameaça. Embora nunca tenha admitido publicamente a autoria do telefonema até então, Appio afirmou que, naquela circunstância, essa foi a única opção que encontrou.

Processo administrativo e transferência para o CNJ

O caso levou à abertura de um processo administrativo disciplinar contra Appio na corregedoria do TRF-4. Contudo, o magistrado conseguiu transferir o processo para o CNJ, onde foi realizada uma audiência de mediação conduzida pelo então corregedor Luís Felipe Salomão. Essa mediação resultou em um acordo para encerrar o processo administrativo.

Críticas à Lava Jato e atuação polêmica

Appio é conhecido por suas críticas aos métodos utilizados pela Operação Lava Jato e às figuras públicas que ganharam notoriedade durante a investigação. Durante sua passagem pela 13ª Vara, ele tomou decisões controversas e foi alvo de um pedido de suspeição por parte do Ministério Público Federal (MPF), que mencionou seu suposto envolvimento com lideranças do Partido dos Trabalhadores (PT).

Entre os pontos que reforçaram as críticas, estão as doações que Appio fez para campanhas presidenciais do PT em 2018 e 2022. Além disso, até o início de 2023, ele utilizava o login “LUL2022” para acessar o sistema da Justiça Federal, o que levantou questionamentos sobre sua imparcialidade.

Mudança de função e novas declarações

Atualmente, Eduardo Appio está à frente da 18ª Vara Federal de Curitiba, que trata de questões previdenciárias. Durante sua participação na TV Brasil, ele reafirmou suas críticas à Lava Jato e declarou ter “indícios concretos de espionagem política”, embora não tenha apresentado provas.

Questionado sobre seu arrependimento pela ligação ao filho do desembargador Malucelli, Appio reconheceu que o método utilizado foi inadequado, mas manteve suas críticas ao sistema.

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