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Pr. Luciano Gomes

João Batista é Elias? Entendendo a profecia, a missão e o mistério das duas testemunhas testemunhas.

Pr. Luciano Gomes

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Introdução

Entre as muitas discussões que surgem ao redor da profecia bíblica, uma delas é intrigante e profunda: João Batista foi o profeta Elias reencarnado? Ou seria apenas uma referência simbólica, ligada ao espírito profético? Essa pergunta tem ganhado força entre estudiosos e leitores da Bíblia, e merece ser analisada com base nas Escrituras, nas palavras de Jesus e nos sinais proféticos dos últimos tempos.

Reencarnação ou encarnação? Conceitos diferentes

Antes de mergulharmos nos textos, é importante esclarecer dois conceitos:

Reencarnação é uma crença de origem oriental, principalmente do hinduísmo e do espiritismo, que ensina que a alma de uma pessoa pode voltar em outro corpo após a morte. Esse ensino não encontra apoio bíblico. Hebreus 9:27 é claro:

 “E, como aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disso, o juízo.”

Encarnação, por outro lado, é um termo teológico cristão que significa Deus se tornar carne. É aplicado exclusivamente a Jesus Cristo (João 1:14). Portanto, quando dizemos que João veio “no espírito de Elias”, não se trata nem de reencarnação, nem de encarnação divina, mas de uma missão profética semelhante.

A profecia de Malaquias e a missão de João Batista

O profeta Malaquias anunciou:

“Eis que eu vos envio o profeta Elias, antes que venha o grande e terrível dia do Senhor.”

(Malaquias 4:5-6)

No contexto judaico, essa profecia era interpretada de forma literal. Por isso, muitos esperavam que Elias, o profeta do fogo, voltasse dos céus antes da manifestação do Messias.

Quando João Batista apareceu, foi questionado diretamente:

“És tu Elias?” E disse: Não sou.

(João 1:21)

No entanto, Jesus parece ter dito o contrário:

 “E, se o quereis reconhecer, ele mesmo é Elias que estava para vir.”

(Mateus 11:14)

Isso nos leva a uma compreensão mais profunda.

João Batista veio no “espírito e poder de Elias”

Em Lucas 1:17, o anjo Gabriel revela o papel de João antes mesmo de seu nascimento:

“E irá adiante do Senhor no espírito e poder de Elias, para converter os corações dos pais aos filhos…”

João Batista não era Elias em carne e osso. Ele mesmo negou isso. Mas sua missão, ousadia, mensagem de arrependimento e separação do sistema religioso espelhavam o ministério de Elias. Era como se o mesmo fogo profético aceso por Elias agora queimasse em João.

Elias foi arrebatado — ele não morreu

Outro ponto que alimenta o debate é que Elias não experimentou a morte. Em 2 Reis 2:11 está escrito:

 “E aconteceu que, indo eles andando e falando, eis que um carro de fogo com cavalos de fogo os separou um do outro; e Elias subiu ao céu num redemoinho.”

Elias foi tomado por Deus vivo, diferentemente de Moisés, cuja morte é registrada, mas seu sepultamento permanece um mistério.

 “Assim morreu ali Moisés… porém ninguém sabe até hoje o lugar da sua sepultura.” (Deuteronômio 34:5-6)

Judas 1:9 menciona até uma disputa entre Miguel e o diabo pelo corpo de Moisés, o que reforça a singularidade de sua partida.

A transfiguração: Moisés e Elias aparecem com Jesus

Na transfiguração (Mateus 17:1-3), quem aparece ao lado de Jesus? Justamente Moisés e Elias. Isso tem forte valor simbólico:

Moisés representa a Lei.

Elias representa os Profetas.

Ambos apontam para Cristo, o cumprimento da Lei e das profecias.

As duas testemunhas do Apocalipse (Ap 11): Elias e Moisés?

Apocalipse 11 fala sobre duas testemunhas que profetizarão nos últimos dias. Seus poderes remetem a Elias e Moisés:

Fecham o céu para que não chova (como Elias fez – 1 Reis 17:1).

Transformam águas em sangue e ferem a terra com pragas (como Moisés – Êxodo 7:20).

As interpretações se dividem:

  1. Literal – Seriam os próprios Moisés e Elias voltando para cumprir um ministério final.
  2. Espiritual/profético – Seriam dois homens ungidos, nos últimos dias, com a mesma unção e autoridade profética de Elias e Moisés.
  3. Simbólica – Representariam a proclamação profética da Igreja e o testemunho fiel diante do Anticristo.

Conclusão: João Batista, um Elias em missão profética

João Batista não foi Elias reencarnado, mas cumpriu o papel profético prometido em Malaquias. Ele preparou o caminho para o Senhor, denunciou o pecado, viveu no deserto e confrontou o sistema religioso — assim como Elias fez em seus dias.

Jesus nunca ensinou reencarnação. Ao chamar João de “Elias”, falava da função e do espírito profético, não da identidade literal.

As Escrituras são claras: Deus usa homens com ousadia, coragem e missão. Que venham mais “Elias” como João Batista, que preparam o caminho para o Senhor em meio ao deserto espiritual dos nossos dias.

Pastor Luciano Gomes, teólogo.

O Pastor Luciano Gomes é um destacado líder religioso e estudioso da Bíblia, formado em Teologia pelo Seminário Teológico Evangélico Betel Brasileiro, em Cruz das Almas/BA. Ele é o criador do Grupo Crescimento Espiritual no Facebook e do blog "Crescimento Espiritual" (luvidangomes.blogspot.com), onde compartilha seus conhecimentos e reflexões sobre estudos bíblicos, mensagens e temas relevantes para a vida cristã contemporânea. Com uma abordagem interdisciplinar, o Pastor Luciano Gomes aborda temas como família, fé, ética, missões, evangelismo, discipulado, liderança, igreja e sociedade, oferecendo uma perspectiva profunda e inspiradora para os cristãos do século XXI.

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