No contexto atual, é essencial discutir a relação entre a vida cristã e a cidadania. O desafio de equilibrar princípios de fé com a responsabilidade cidadã torna-se cada vez mais relevante, especialmente em tempos de polarização política e intensa discussão sobre valores na sociedade brasileira.
Como cristãos, somos chamados a viver de acordo com os ensinamentos de Jesus Cristo, mantendo uma postura que reflete sua vida e obra. No entanto, é igualmente importante lembrar que, enquanto estivermos na terra, somos também cidadãos sujeitos às leis e às dinâmicas do Estado. Essa dualidade — ser cidadão dos céus e da terra — exige discernimento.
O ponto central da discussão reside na necessidade de diferenciar política partidária de política ideológica e politicagem. É fundamental que o cristão compreenda esses conceitos para evitar confusões que possam comprometer seus princípios de fé. Enquanto a politicagem busca interesses pessoais às custas do bem coletivo, a política partidária, quando vista sob uma perspectiva cristã, deveria ser um campo de atuação para promover valores éticos e justos, respeitando os princípios bíblicos.
Contudo, surge uma pergunta crucial: é possível conciliar valores cristãos com a pluralidade ideológica da política moderna? Para muitos, apoiar partidos ou políticos que promovam ideologias contrárias às Escrituras Sagradas seria um ato incoerente. Por outro lado, a democracia requer que entendamos e respeitemos a diversidade de pensamentos e crenças, mesmo quando discordamos delas.
A insistência em uma postura que rejeite automaticamente qualquer ideologia contrária aos valores cristãos pode levar a um isolamento político perigoso, que dificulta o diálogo e a cooperação. Cristo, ao caminhar entre pecadores, nunca deixou de ser firme em seus princípios, mas também nunca deixou de se envolver com o mundo ao seu redor. Esse é um exemplo a ser seguido.
Também é importante reconhecer que princípios cristãos, como amor ao próximo, justiça e misericórdia, são universais e podem encontrar eco em diferentes espectros políticos. O verdadeiro desafio está em equilibrar a fé com a prática política, sem desviar-se da missão espiritual e sem alienar-se do dever como cidadão.
Portanto, o cristão deve se envolver politicamente com responsabilidade, buscando compreender as consequências de suas escolhas e analisando criticamente as propostas e posturas de candidatos e partidos. A fé não pode ser uma máscara para justificar preconceitos ou intolerância, mas sim uma luz que guia a atuação cidadã para um futuro mais justo e harmonioso.
Em resumo, viver como cristão e cidadão é uma tarefa que requer sabedoria, discernimento e empatia. A política não deve ser vista como um campo de batalha para impor valores, mas como uma oportunidade de influenciar positivamente, com base nos princípios da fé e no compromisso com o bem comum. Afinal, ser sal e luz do mundo inclui iluminar e temperar o debate público com justiça e verdade.
A coluna Falando Sobre o Assunto com o jornalista Edivaldo Santos analisa e traz informações sobre tudo o que acontece nos bastidores do poder no Brasil e que podem influenciar nos rumos da política, da economia, do gospel e em tudo que acontece no Brasil e no mundo. Para envio de sugestões de pautas e reportagens, entre em contato com a nossa equipe pelo e-mail veja.aquiagora@hotmail.com.