Caso Ana Luiza: “Suspeita não tem arrependimento nenhum, ela é uma psicopata” diz pai da vítima

Um caso chocante ocorrido em Itapecerica da Serra, na Grande São Paulo, chamou a atenção do país para o perigo representado pelo comércio clandestino de substâncias altamente tóxicas. A jovem Ana Luiza de Oliveira Neves, de apenas 17 anos, morreu após ingerir um bolo de pote supostamente envenenado.

Segundo o pai da adolescente, a principal suspeita de envolvimento no crime — também menor de idade — demonstrou frieza e ausência total de arrependimento. A jovem passou o final de semana na casa da vítima e estava presente no momento em que Ana Luiza começou a passar mal.

“Ela assistiu minha filha sofrendo e em nenhum momento demonstrou preocupação. É assustador. Me desculpe dizer, mas ela parece uma psicopata”, desabafou o pai, ainda em estado de choque.

O doce, que teria sido entregue com um bilhete romântico e de forma anônima, está sendo analisado pela perícia. O bilhete dizia: “Um mimo para a garota mais linda que já vi.”

Casos semelhantes se multiplicam no país

Este não é um caso isolado. Nos últimos meses, episódios semelhantes ocorreram em diferentes estados brasileiros. No Rio Grande do Sul, três pessoas morreram após comer um bolo com arsênico. No Piauí, uma família inteira — cinco pessoas — perdeu a vida depois de consumir arroz contaminado. No Maranhão, duas crianças morreram ao ingerir um ovo de Páscoa com veneno conhecido como chumbinho.

Esses casos expõem um problema grave: a comercialização ilegal de venenos e agrotóxicos proibidos no Brasil, que continuam sendo vendidos livremente na internet e em mercados clandestinos. Muitas vezes, esses produtos não têm cheiro, cor ou sabor, o que dificulta sua detecção nos alimentos.

Falhas no atendimento médico também são investigadas

Ana Luiza chegou a ser levada a um hospital particular em São Paulo assim que os primeiros sintomas apareceram. No entanto, após o atendimento inicial, foi liberada sem que exames mais aprofundados fossem realizados. De acordo com familiares, ela continuou passando mal ao chegar em casa e sofreu uma parada cardíaca horas depois.

A rede Hapvida NotreDame Intermédica informou, por meio de nota, que a jovem recebeu atendimento compatível com os sintomas apresentados, e que não havia indícios de envenenamento naquele momento. A equipe teria recomendado retorno ao hospital caso o quadro se agravasse.

Autoridades alertam para os riscos e reforçam orientações

Especialistas em toxicologia alertam que substâncias como arsênico e chumbinho podem ser letais mesmo em pequenas quantidades, e por isso devem ser tratadas com rigor máximo por parte das autoridades. A compra e o uso desses produtos são restritos a empresas com licença especial, mas na prática, o controle é falho e a fiscalização quase inexistente.

“Há uma facilidade absurda em adquirir venenos pela internet. Eles são anunciados com nomes genéricos ou camuflados, o que dificulta a identificação pelas plataformas de venda e pelos órgãos de fiscalização”, afirma um perito químico.

Como medida preventiva, a recomendação é clara: nunca consumir alimentos de procedência desconhecida e, em caso de suspeita de envenenamento, procurar atendimento médico imediato, solicitando exames específicos de toxicologia.