Bolsonaro convoca público para acompanhar depoimento no STF e diz que “não irá lacrar”

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) convocou seus seguidores a acompanharem o depoimento que prestará ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), na próxima semana. Durante um discurso realizado nesta sexta-feira (6), o ex-chefe do Executivo afirmou que sua fala “valerá a pena ser assistida” e negou qualquer intenção de provocar ou desafiar os magistrados.

A declaração ocorreu durante a abertura do Encontro Nacional de Mandatárias do PL Mulher, segmento feminino do Partido Liberal, que é presidido por sua esposa, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. Após sua participação no evento, Bolsonaro seguiu diretamente para o Aeroporto de Brasília, com destino a São Paulo, onde se reunirá com sua equipe jurídica para definir os últimos detalhes da sua defesa.

“O que aconteceu em 2022 será abordado de forma clara, com todos os ministros presentes. Não vou ao Supremo para lacrar ou afrontar ninguém”, declarou Bolsonaro, ressaltando que espera contar com a audiência do público.

A oitiva faz parte da série de interrogatórios programados por Alexandre de Moraes com os acusados considerados centrais na investigação sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado, atribuída à cúpula do governo anterior. Os depoimentos começarão segunda-feira (10) e deverão se estender até o sábado (14), com possibilidade de prorrogação caso o tempo não seja suficiente.

Bolsonaro integra o chamado “núcleo 1” do inquérito, composto por oito investigados que, segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), estariam diretamente ligados à articulação para contestar o resultado das eleições de 2022 e tentar impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.

A expectativa é que o ex-presidente seja ouvido entre terça (11) e quarta-feira (12). Enquanto isso, permanece em São Paulo, onde, segundo ele, permanecerá até sábado reunido com os advogados.

“É o momento da verdade. Estamos nos preparando. Ninguém vai nos intimidar. A verdade virá à tona, e acredito que isso será positivo para o país”, finalizou Bolsonaro.

Quem mais será ouvido no processo?

Além de Bolsonaro, outros nomes importantes da antiga administração também serão interrogados, entre eles:

• Walter Braga Netto (general e ex-ministro);

• Augusto Heleno (ex-chefe do GSI);

• Alexandre Ramagem (PL-RJ) (deputado federal e ex-diretor da Abin);

• Almir Garnier Santos (ex-comandante da Marinha);

• Anderson Torres (ex-ministro da Justiça);

• Mauro Cid (ex-ajudante de ordens);

• Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa).

Todos fazem parte do núcleo central da apuração que investiga a tentativa de desestabilizar o processo democrático após as eleições.