A recente revogação da normativa da Receita Federal sobre o Pix pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é mais um exemplo de como a falta de firmeza pode corroer a credibilidade de uma administração. O episódio revela não apenas a ausência de convicção no que deveria ser uma medida sólida, mas também a perigosa submissão do governo a pressões externas, seja das redes sociais, seja de vozes da oposição.
Ao ceder rapidamente à repercussão negativa provocada por um vídeo viral do deputado oposicionista, Nikolas Ferreira (PL-MG), o governo demonstrou sua incapacidade de defender políticas públicas fundamentais. Esse gesto de fragilidade reforça a percepção de que Lula, outrora líder audacioso, está agora à deriva, reagindo aos acontecimentos em vez de liderá-los.
A questão em torno da normativa da Receita, que previa a comunicação de transações acima de R$ 5 mil para pessoas físicas e R$ 15 mil para jurídicas, vai além de sua legitimidade ou não. O que está em jogo é a habilidade do governo em argumentar e sustentar suas decisões. A falha em comunicar as intenções por trás da medida deu margem para narrativas que exploraram o medo dos pequenos empreendedores, minando ainda mais a confiança da população.
A reação desesperada veio na forma de uma medida provisória, um instrumento que deveria ser reservado para casos urgentes e relevantes, mas que foi usado apenas para assegurar que o Pix não seria taxado – algo que já estava garantido por lei. Um esforço atabalhoado que expõe um governo sem foco e refém do barulho das redes sociais.
Mais preocupante ainda é a incapacidade de apresentar um plano consistente para o país. Desde o início do mandato, Lula tem se agarrado a um discurso antiquado que o ajudou a vencer Jair Bolsonaro, mas que não resiste à complexidade dos desafios atuais. O Brasil exige mais do que a oposição simbólica ao bolsonarismo: requer liderança firme, decisões coerentes e, acima de tudo, um compromisso visível com o alívio da pesada carga tributária que sufoca cidadãos e empreendedores.
O recente anúncio de um gasto de quase R$ 200 milhões para fortalecer as redes sociais governamentais é mais uma demonstração de como as prioridades estão desalinhadas. Investir em ilusão digital enquanto o país clama por medidas concretas é um desperdício que só acentua a distância entre o governo e o povo.
No fim, a narrativa que se consolida é a de um governo que governa menos e reage mais. A confiança, elemento essencial para qualquer liderança, parece cada vez mais distante. Sem um projeto claro e com a credibilidade corroída, a gestão Lula corre o risco de ser lembrada não por suas conquistas, mas por sua inércia em meio a uma realidade que exige ação e coragem.
A coluna Falando Sobre o Assunto com o jornalista Edivaldo Santos analisa e traz informações sobre tudo o que acontece nos bastidores do poder no Brasil e que podem influenciar nos rumos da política, da economia, do gospel e em tudo que acontece no Brasil e no mundo. Para envio de sugestões de pautas e reportagens, entre em contato com a nossa equipe pelo e-mail veja.aquiagora@hotmail.com.