No sábado, 2 de setembro, o governo venezuelano emitiu um comunicado, solicitando ao Brasil que “evite se envolver em questões que dizem respeito exclusivamente ao povo venezuelano”, em resposta à postura do governo brasileiro em relação à reeleição do presidente Nicolás Maduro, realizada em 28 de julho.
Publicado no Telegram pelo ministro das Relações Exteriores, Yván Gil, o documento venezuelano acusou o Itamaraty de agir com “agressão flagrante e grosseira” contra Maduro, referindo-se a ele como o “presidente constitucional” da Venezuela. A posição do Brasil, juntamente com a de outros países, como os Estados Unidos e a União Europeia, reflete a postura de parte da comunidade internacional, que questiona a validade das eleições e exige a divulgação dos registros eleitorais.
Respostas e críticas do governo venezuelano ao Brasil
Para Caracas, a reação do Ministério das Relações Exteriores do Brasil – que criticou o “tom ofensivo” do governo venezuelano – é vista como “incompreensível” e foi questionada pelo governo de Maduro. Em nota, a Venezuela lembrou que chamou de volta seu embaixador em Brasília, Manuel Vedell, para consultas, após as declarações do assessor especial de assuntos internacionais do presidente Lula, Celso Amorim, que foram consideradas como “interferência e desrespeito”.
Itamaraty e Acordos de Barbados
O Itamaraty, em resposta na sexta-feira, 1º de setembro, afirmou respeitar a soberania de cada país. A posição do Brasil no processo eleitoral venezuelano, segundo o órgão, se baseia no seu papel como observador dos Acordos de Barbados, firmados entre o governo Maduro e a oposição. Esses acordos, segundo o Brasil, foram violados pelo governo venezuelano.
Entretanto, a Venezuela rejeitou esse argumento, classificando-o como “falso” e solicitando que o Itamaraty abandone essa postura.
Diplomacia em alerta e futuras consequências
Além disso, o governo venezuelano instou o Brasil a adotar uma postura mais “profissional” para evitar o desgaste nas relações diplomáticas entre os dois países. Na última quarta-feira, a Venezuela havia convocado seu embaixador para consultas, em protesto contra as declarações de Amorim, que sugeriu que o processo eleitoral venezuelano não foi transparente, o que impede o reconhecimento da vitória de Maduro.
Diante desse cenário, o Parlamento venezuelano anunciou que planeja declarar Celso Amorim como “persona non grata”. Desde a proclamação de vitória de Maduro – considerada fraudulenta pela oposição venezuelana –, o governo brasileiro tem buscado uma solução diplomática e exigido a divulgação dos registros eleitorais, um pedido que ainda não foi atendido.