Pr. Luciano Gomes

Tão perto da promessa, tão longe pela murmuração.

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O capítulo 13 do livro de Números nos apresenta um dos episódios mais marcantes — e também mais tristes — da caminhada do povo de Israel rumo à Terra Prometida. Moisés, obedecendo à ordem de Deus, envia doze espias, representantes das tribos de Israel, para conhecer Canaã, a terra que manava leite e mel. Durante quarenta dias, eles observaram o território, viram seus frutos, suas riquezas e também os desafios: cidades fortificadas, povos guerreiros e gigantes que habitavam o lugar.

Quando retornaram, trouxeram consigo um cacho de uvas tão grande que precisou ser carregado por dois homens em uma vara (Nm 13.23). Era a confirmação de que a terra era, de fato, fértil e promissora. Porém, na hora do relatório ao povo, algo inesperado acontece: dez dos espias esmoreceram e semearam o medo entre os israelitas. Apenas dois — Josué e Calebe — mantiveram firme a fé e a coragem, dizendo:

“Subamos e possuamos a terra, porque certamente prevaleceremos contra ela” (Nm 13.30).

Contudo, a voz da incredulidade foi mais alta. O povo, em vez de se levantar em fé, caiu em murmuração. Reclamaram, se revoltaram, e preferiram voltar para o Egito a enfrentar o que estava adiante. Deus, então, se indignou com a atitude do povo e, como juízo, os ordenou a retornar para o deserto. Daquela geração que saiu do Egito, apenas Josué e Calebe entrariam na Terra Prometida. Os demais morreram no caminho, sem verem a realização da promessa.

Mas o que foi que realmente impediu Israel de conquistar Canaã naquele momento? Podemos dizer que foi a murmuração.

E aqui vale uma reflexão profunda: o que é murmuração?

Murmuração não é apenas reclamar. É uma atitude do coração que contesta o caráter de Deus. É como se disséssemos: “Deus, o Senhor não está fazendo do jeito certo. Se fosse eu, faria melhor.” Murmurar é uma forma sutil — mas ofensiva — de dizer que Deus não é suficientemente capaz de resolver nossos problemas.

Deus se entristece profundamente com a murmuração porque ela revela incredulidade, ingratidão e rebeldia. O povo havia visto o Mar Vermelho se abrir, o maná cair do céu, a água sair da rocha. Ainda assim, duvidaram. E por isso, ficaram pelo caminho.

Quantas vezes, nós, assim como eles, chegamos tão perto da realização dos nossos sonhos, dos nossos projetos, das promessas que Deus nos fez… e, diante de um obstáculo, vacilamos. Esquecemos que já passamos por desertos piores. Esquecemos que Deus nunca falhou conosco. E então murmuramos, desistimos, recuamos.

Esse texto nos lembra de algo fundamental: a maior batalha não está lá fora, mas dentro de nós.

O que define se vamos entrar na promessa não é a força dos gigantes que enfrentamos, mas a confiança que temos no Deus que nos prometeu. A fé de Josué e Calebe é um modelo para nós:

“Se o Senhor se agradar de nós, então nos fará entrar nessa terra” (Nm 14.8).

O desfecho dessa história é um alerta: não é porque estamos perto que já vencemos. A murmuração, por mais pequena que pareça, pode ser o motivo de voltarmos ao deserto quando já estamos a um passo da bênção.

Que esta mensagem nos leve à reflexão:

Será que, mesmo tão perto da conquista, temos alimentado dúvidas no coração?

Será que a murmuração não está nos impedindo de viver o que Deus preparou?

Seja qual for a sua resposta, lembre-se: a fé agrada a Deus, mas a murmuração o entristece.

Escolha crer. Escolha confiar. Porque, com Deus, a promessa não falha — mas a postura do nosso coração pode determinar se a veremos se cumprir… ou não.

Pastor Luciano Gomes, Teólogo

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