Economia

Recorde de arrecadação de 2024 expõe embaraço e dilemas do governo Lula

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O Brasil registrou em 2024 um marco histórico na arrecadação tributária, alcançando a expressiva cifra de R$ 2,709 trilhões. O crescimento, ajustado pela inflação, representa um aumento de 9,6% em relação ao ano anterior, o que equivale a R$ 238 bilhões adicionais nos cofres públicos.

Apesar do volume inédito, esse resultado se torna um desafio político para a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e para o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. O aumento na arrecadação não foi suficiente para equilibrar as contas públicas, revelando um déficit primário que deve ficar próximo de R$ 40 bilhões.

O montante arrecadado corresponde a 22,46% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, um percentual que não era atingido desde a primeira década dos anos 2000, época impulsionada pelo crescimento global dos preços de commodities. Contudo, o contexto atual é diferente: a estratégia do governo de compensar os gastos crescentes apenas com o aumento de receita vem sendo criticada por analistas econômicos e opositores políticos.

A recente polêmica envolvendo a maior fiscalização de transações via Pix também impactou negativamente a percepção pública sobre a carga tributária. Além disso, algumas receitas extraordinárias de 2024 não devem se repetir nos próximos anos, tornando o equilíbrio fiscal ainda mais complexo.

Para o futuro, o governo enfrenta desafios significativos. O endividamento crescente e os juros elevados podem dificultar ainda mais a expansão econômica. A oposição de direita já se mobiliza contra medidas que buscam ampliar a arrecadação, apontando para o risco de excessiva pressão sobre os contribuintes.

A reavaliação de isenções fiscais para setores privilegiados surge como um caminho necessário. No entanto, especialistas alertam que apenas aumentar a carga tributária não será suficiente para resolver os problemas fiscais do país. A solução passa por uma distribuição mais equilibrada dos impostos e um controle mais eficiente dos gastos públicos.

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