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Quando o cachê fala mais alto: A realidade do show business gospel

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No evangelho de João, capítulo 4, versículo 24, está escrito: “Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade.” Estamos vivendo numa era em que é mais fácil encontrar artistas gospel do que verdadeiros adoradores. Infelizmente, a fome e a sede por fama, poder e dinheiro têm penetrado no coração de muitos cantores e cantoras gospel — e até mesmo pregadores —, tornando-os verdadeiros hipócritas na hora de interpretar letras preciosas que deveriam convocar à verdadeira adoração e ao compromisso com uma vida santa na presença de Deus, combatendo a exploração do santo evangelho de Jesus Cristo.

O inimigo tem encontrado brechas nesse terreno, incutindo nos corações desses ministros o desejo por lucros astronômicos e fama exagerada, ao ponto de perderem completamente a essência do verdadeiro louvor a Deus e o verdadeiro compromisso com a Palavra de Deus. Essas vaidades tornam-se barreiras que impedem esses mesmos “levitas” de pisarem em muitas igrejas com o único propósito de louvar e ganhar almas para o Reino de Deus.

Parece que muitos se esquecem da mensagem que cantam ou pregam. Quando a letra fala uma coisa e a prática mostra o oposto, o que se vê é falsidade e hipocrisia. Muitos que se dizem evangélicos se tornaram tão grandes e tão caros que não cabem mais nos templos, nas igrejas ou até mesmo nos hotéis das cidades pequenas ou médias.

Alguns alegam que tudo isso é uma forma de valorização. Concordamos sim com a valorização, pois se a própria pessoa não se valoriza, dificilmente alguém o fará. No entanto, o que é inaceitável são os abusos e exageros cometidos em nome de Deus, que terminam enganando os mais simples e os menos esclarecidos.

Seus cachês são tão altos que igrejas pequenas e médias já não têm o privilégio de recebê-los em seus cultos. Apenas grandes igrejas, com cofres cheios, podem contratá-los — e, ainda assim, com dificuldades. Os pregadores seguem na mesma linha. Tornaram-se tão caros que só “cabem” em clubes, praças e casas de show, eventos muitas vezes patrocinados por prefeituras ou promotores de eventos gospel, com ingressos que chegam a custar R$ 100 por pessoa. Tudo isso para cobrir os custos — e, claro, gerar lucros para quem organiza, comprando carros novos e engordando contas bancárias.

As exigências de tais cantores e pregadores? Vão além dos cachês:

  • Carros importados com ar-condicionado e frigobar para locomoção

  • Hotéis cinco estrelas

  • Camarins luxuosos, com comidas, bebidas específicas, toalhas personalizadas, entre outros absurdos, como em alguns casos, uísques que aparecem nas conta dos hotéis.

Um exemplo concreto: uma das cantoras mais consagradas do gospel nacional — querida, talentosa, admirada e já participante de programas como Raul Gil e Xuxa, além de ter sua música em trilha de novela da Rede Globo — foi convidada para cantar em Santo Antônio de Jesus (BA). Cobrou R$ 35 mil, exigiu carro de luxo e hospedagem em hotel cinco estrelas. Como a cidade não oferecia esse padrão, ela preferiu dormir em outra cidade, demonstrando desprezo por quem a convidou e pelo povo que a admira.

Outro caso envolveu uma famosa cantora convidada para um culto em Feira de Santana (BA). Cobrou R$ 10 mil para cantar apenas três músicas, pois teria outro compromisso em Itaberaba (BA). Lá, recebeu R$ 22 mil em um evento patrocinado pela prefeitura, cantando mais cinco músicas. Ou seja, R$ 32 mil em uma noite por apenas oito músicas. Tudo isso há alguns anos.

Mais recentemente, uma das cantoras mais conhecidas do país embolsou R$ 220 mil em um show durante o evento “Carna Praça”, em Palmas (TO) — um evento carnavalesco promovido pelo governo do estado — o que gerou enorme repercussão nas redes sociais.

Outra cantora, também muito respeitada e dona de uma voz marcante, tem em seu repertório letras que dizem: “O dinheiro e a fama não podem me comprar” e “Eu vou”, repetido mais de 70 vezes, indicando disposição para o “ide” de Jesus. Ela cita países pobres como Nigéria, Somália e regiões carentes da África, dizendo que irá onde Deus mandar. Mas, na realidade, só vai onde o cachê é pago integralmente, chegando a R$ 100 mil reais, com as mesmas exigências absurdas de sempre.

A pergunta é: o chamado de Deus tem preço?
Quando Isaías disse: “Eis-me aqui, envia-me a mim” (Isaías 6:8), ele não condicionou sua obediência a nenhuma recompensa financeira.

São adoradores… ou apenas bons artistas?

Esses exemplos — e muitos outros — levam à seguinte reflexão: são eles verdadeiros adoradores que louvam em espírito e em verdade? Ou são profissionais da música gospel, com domínio de palco, oratória persuasiva, capazes de emocionar multidões, mas distantes do altar e da simplicidade do evangelho?

Sem dúvida, muitos que assistem a esses eventos são crentes sinceros, sedentos por adorar. Compram seus ingressos com esforço e vão de coração aberto. E ali, Deus age, apesar de tudo. Mas, os artistas só sobem no palco se tudo estiver no contrato e o dinheiro na conta. Se faltar um centavo, não cantam. Não pregam. Não sobem.

Que Deus tenha misericórdia. Muitos estão brincando com Aquele que lhes deu vida, saúde, voz e talento. Vieram do nada. Eram humildes, rejeitados, sem oportunidades. Pediam chance nas igrejas, moravam de favor, passavam necessidades. Deus os levantou, os honrou, deu graça, carreira e visibilidade.

Mas depois da exaltação, muitos deixam o poder, a fama e o dinheiro tomarem conta do coração. Esquecem da origem. Esquecem da misericórdia que os alcançou.

Mas Deus não é enganado. Quando Ele resolve agir, Ele age de verdade — e a queda pode ser grande.

Lembremo-nos: o Deus que exalta também abate. E a vida, como já foi cantada, é como uma roda gigante: sobe… e desce.

Jornalista (CRP/BA 0006663/BA), radialista (DRT 5072/BA) e youtuber. Como jornalista já atua há 10 anos e atualmente é diretor de jornalismo do Portal Veja Aqui Agora . Desde 1984, atua no rádio, começando sua trajetória na Rádio Fundação Ide e Ensinai, em São Gonçalo dos Campos, na Bahia. Também trabalhou na Radio Cultura AM, Carioca AM, Betel FM, Cidade FM. Foi diretor da Comunidade FM, todas em Feira de Santana e atualmente trabalha na Rádio Elos, onde apresenta o Programa Bom Dia Felicidade, de segunda a sexta-feira, das 10h ao meio dia, também na mesma cidade. Também dirigiu a Rádio Shekiná FM em Vinhedo São Paulo e trabalhou como apresentador na Jerusalém FM na capital paulista. Como youtuber, administra os canais “Veja Aqui Agora News”, com mais de 160 mil assinantes e “Edivaldo Santos News” com mais de 15 mil assinantes. Para contato: vejaaqui.agora@hotmail.com

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