Durante um encontro oficial em Salvador nesta segunda-feira (19), que contou com a presença do governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), e da ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, o deputado federal Pastor Sargento Isidório (Avante-BA) utilizou seu discurso para abordar um tema polêmico: a popularização das bonecas reborn como substitutas simbólicas de filhos.
Isidório, que também é pastor evangélico, expressou preocupação com o que considera um sinal da degradação das relações humanas. Ele usou referências bíblicas para embasar sua opinião e fez um paralelo entre as bonecas hiper-realistas e práticas religiosas de adoração a imagens.
“Esses bonecos parecem imagens de Vodum, tá certo? Você pega um boneco feito por mãos humanas e começa a adorá-lo como se fosse filho. Isso é o cumprimento do Apocalipse. A Bíblia diz que, por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriaria”, declarou o deputado.
A crítica ganhou um tom espiritual ainda mais intenso quando Isidório alertou sobre possíveis consequências ocultas ligadas à adoção emocional dessas bonecas, questionando até onde isso poderia levar a sociedade.
“Precisamos pedir a Deus que dê sabedoria aos médicos e autoridades, para que isso não aumente. E se esses bonecos começarem a receber espíritos demoníacos? O que vai acontecer com os índices de suicídio e depressão?”, alertou.
Apesar das fortes críticas, o parlamentar também demonstrou empatia por pessoas que, em meio a situações emocionais difíceis, encontram conforto nas bonecas reborn. Ele reconheceu que, em determinados contextos, o uso terapêutico pode ser válido.
“Se alguém está com problema depressivo, psiquiátrico, psicológico, se está passando por momentos sentimentais difíceis e transfere seu amor para um boneco, temos que respeitar”, ponderou.
A repercussão do discurso não ficou restrita ao evento estadual. Na terça-feira (20), Isidório voltou ao assunto na tribuna da Câmara dos Deputados, destacando que é preciso discernimento por parte dos profissionais de saúde e dos gestores públicos ao lidarem com esse tipo de comportamento emocional.
De forma simbólica, o deputado levou uma boneca reborn ao evento, chamando-a de “neta” e, com bom humor, sugeriu até mesmo que ela teria aspirações políticas. No entanto, por trás da brincadeira, ele lançou um apelo sério sobre o abandono afetivo de pessoas reais em abrigos, orfanatos e lares de idosos.
Segundo ele, a atenção e o cuidado dedicados às bonecas hiper-realistas evidenciam uma desconexão com a realidade de pessoas que realmente precisam de amor e apoio.