Tem dias que eu paro pra pensar no que está acontecendo com o nosso país. A polarização política tomou conta do Brasil de uma forma que, sinceramente, eu nunca vi antes. Parece uma verdadeira guerra de ideias, de pensamentos, de posicionamentos partidários. E olha que eu acompanho política há bastante tempo…
Nunca antes, na nossa história recente, vimos tanta gente interessada em política como agora. E isso, em partes, é bom. Afinal, o acesso à informação está aí — na palma da mão — com redes sociais, jornais digitais, YouTube, televisão, WhatsApp, e por aí vai. Todo mundo tem uma opinião, todo mundo quer falar, todo mundo compartilha alguma coisa.
Mas será que todo mundo sabe mesmo do que está falando?
O problema é que junto com esse interesse veio também uma enxurrada de desinformação. Muitas pessoas ainda são, infelizmente, analfabetas políticos — não conhecem a história da política brasileira, não sabem quem são os “caciques” de verdade, as velhas raposas que se mantêm no poder há décadas, muitas vezes envolvidas em escândalos, corrupção e toda sorte de falcatruas.
Tem político que faz da política sua profissão. Usa e abusa da imunidade parlamentar, escapa de julgamentos, processos são arquivados no STF, e a população fica sem entender como isso acontece. Enquanto isso, os mesmos nomes continuam sendo eleitos. É um ciclo vicioso, alimentado pela falta de memória e conhecimento histórico.
E aí o que vemos é a sociedade dividida como uma torcida organizada. De um lado, a direita. Do outro, a esquerda. E não falo só da direita e da esquerda como espectros normais de uma democracia — falo dos extremos. Extrema esquerda e extrema direita. Quando esses dois lados se encontram, o que pode acontecer? Basta olhar pra uma briga de torcida rival pra ter uma ideia do tamanho do estrago.
A política virou uma espécie de futebol ideológico. Só que, ao invés de bola, estamos chutando princípios, quebrando amizades, destruindo famílias. Irmão contra irmão. Pai contra filho. Amizades de anos sendo desfeitas por causa de eleição, partido, político de estimação. Isso está certo?
A Palavra de Deus já nos alertava sobre tempos como esse. Jesus disse que “o reino dividido contra si mesmo ficará deserto; e casa contra casa cairá” (Lucas 11:17). E é exatamente isso que estamos vendo: casas caindo, lares sendo destruídos, amizades sendo quebradas, tudo por causa da divisão.
Os líderes políticos têm responsabilidade nisso. Eles sabem como manipular a opinião pública, como acirrar os ânimos. Alimentam a divisão porque sabem que povo dividido é povo mais fácil de dominar. Enquanto o povo briga nas redes, eles fazem acordos nos bastidores.
E nesse cenário, muitos cristãos estão se perdendo. Estão mais preocupados em defender seus candidatos do que em viver os princípios do Reino. Esquecem que “a nossa cidadania está nos céus, de onde esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo” (Filipenses 3:20). Somos cidadãos do céu antes de sermos eleitores de qualquer partido.
Não estou dizendo que não devemos nos envolver com política. Pelo contrário: precisamos participar com responsabilidade, sabedoria e temor a Deus. Mas sem perder o foco da nossa missão. Não fomos chamados pra sermos militantes, e sim pacificadores. E o próprio Senhor nos disse: “Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus” (Mateus 5:9).
Precisamos ser luz nesse tempo de trevas. Precisamos ser sal nesse mundo sem sabor. E acima de tudo, precisamos lembrar que, independentemente de quem esteja no poder, “o Senhor é quem governa sobre tudo” (Salmos 22:28). Ele continua sendo Rei. Ele continua sendo Soberano. E o Seu trono não está sujeito a eleições.
Então, deixo aqui essa reflexão como quem fala de coração aberto. Como um servo de Deus que ama esse país, que ora por ele, e que ainda acredita que é possível ver um Brasil mais justo, mais unido e mais consciente. Mas isso só vai acontecer se cada um de nós fizer a sua parte — e se colocarmos Deus no centro da nossa visão de nação.
Que o Senhor nos ajude a enxergar com clareza, a agir com sabedoria e a amar com verdade.
Pastor Luciano Gomes, teólogo