Durante participação no programa Estúdio I, da GloboNews, nesta quarta-feira (16), o jornalista Merval Pereira fez duras críticas ao ministro Alexandre de Moraes, integrante do Supremo Tribunal Federal (STF). O motivo foi a recente decisão do magistrado de recusar um pedido de extradição feito pela Espanha, envolvendo um cidadão búlgaro flagrado com mais de 30 malas de cocaína.
Segundo Merval, a negativa de Moraes à solicitação das autoridades espanholas estaria ligada ao fato de o país europeu ter rejeitado anteriormente a extradição do jornalista brasileiro Oswaldo Eustáquio, crítico do sistema político atual. A relação entre os dois casos foi apontada como um exemplo de retaliação e ausência de imparcialidade.
“É inacreditável que alguém envolvido com tamanha quantidade de droga seja liberado apenas porque outro país se recusou a entregar um aliado político do bolsonarismo”, comentou Merval, demonstrando indignação com a justificativa usada por Moraes.
O jornalista também alertou sobre o risco de confundir crimes com manifestações políticas, especialmente em tempos em que o uso das redes sociais se mistura com liberdade de expressão e ações criminosas. Para ele, essa confusão pode afetar a credibilidade das decisões judiciais e gerar distorções na democracia.
Críticas também foram feitas em sua coluna no jornal O Globo
No dia seguinte, quinta-feira (17), Merval aprofundou suas críticas em sua coluna no jornal O Globo. Para ele, o princípio da reciprocidade utilizado por Moraes como base para sua decisão não se sustenta juridicamente.
“Essa reciprocidade é fictícia. O ministro agiu mais por impulso emocional do que com base no que manda a lei”, escreveu, sugerindo que houve um comportamento passional e revanchista por parte de Alexandre de Moraes.
O jornalista ainda classificou a decisão como “esdrúxula” e carregada de ressentimento, afirmando que colocar em liberdade um acusado de tráfico internacional de drogas com apenas uma tornozeleira eletrônica revela um descompasso entre a gravidade do crime e a resposta judicial brasileira.