O líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stedile, expressou insatisfação com a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, destacando que discursos e eventos não são suficientes para resolver os desafios enfrentados pelo campo. Em entrevista à Folha de S.Paulo, ele reforçou a necessidade de medidas práticas que tragam impacto real à vida dos mais pobres.
Stedile afirmou que “não adianta mais propaganda ou atos simbólicos no Palácio do Planalto. Precisamos de ações concretas para resolver problemas reais”. Segundo ele, o governo tem prometido mudanças, mas até agora não apresentou soluções efetivas para questões críticas relacionadas à reforma agrária.
Promessas de fim de ano vistas com ceticismo
O pacote de medidas anunciado pelo ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, para o final deste ano foi recebido com desconfiança pelo líder do MST. Stedile acredita que as propostas têm mais o objetivo de aliviar as tensões entre o movimento e o governo do que efetivamente transformar a realidade no campo. Ele comparou as promessas a “presentes de Natal”, indicando que são embaladas de forma atrativa, mas carecem de substância prática.
O plano inclui a desapropriação de terras, aquisição e redistribuição de propriedades pertencentes a grandes devedores da União, além de recursos voltados à assistência técnica para assentados. Apesar disso, o líder do MST relembra que há dois anos o governo apresenta pacotes e promessas sem resultados concretos.
Política e dificuldades de execução
Na visão de Stedile, a demora na implementação de políticas públicas está diretamente ligada à complexidade política enfrentada pelo governo. Ele reconhece a boa vontade do presidente Lula, mas critica a falta de articulação para construir um projeto nacional que unifique esforços e atenda às necessidades da população.
“Faltam programas voltados ao emprego e à geração de renda. Precisamos reindustrializar o país e produzir bens essenciais para a população. Até agora, não houve avanços significativos para os 4 milhões de camponeses que vivem em situação de extrema pobreza”, ressaltou.
Críticas ao Ministério e ao Incra
Stedile também criticou a atuação do Ministério do Desenvolvimento Agrário e do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Para ele, a incapacidade de atender às demandas do MST e implementar políticas públicas eficientes reflete a incompetência de quem ocupa esses cargos. “Não se trata de uma crítica pessoal, mas sim de ações governamentais insuficientes”, explicou.
O líder do MST reforçou que a organização continuará pressionando o governo até que mudanças concretas sejam realizadas, principalmente no que diz respeito à reforma agrária e ao combate à pobreza no campo.