Em janeiro de 2019, o Brasil vivia um dos episódios mais trágicos de sua história recente: o rompimento da barragem da Vale, em Brumadinho (MG), que resultou em centenas de mortos e desaparecidos. Naquele momento, enquanto o mundo acompanhava o drama brasileiro, apenas um país se levantou com ajuda efetiva e concreta: Israel.
Na manhã do dia 27 de janeiro daquele ano, um avião decolou de Jerusalém a pedido do então presidente Jair Bolsonaro, com 130 soldados israelenses, altamente treinados para operações de resgate em situações extremas. A equipe chegou equipada com cerca de 16 toneladas de tecnologia avançada, incluindo cães farejadores, sonares de uso submarino para identificação de corpos soterrados, detectores de voz e equipamentos de imagem de alta precisão.
A chegada da delegação foi recebida com gratidão pelo governador de Minas Gerais, Romeu Zema, e pelo secretário de Segurança Pública, General Mário Araújo. O apoio israelense foi tão importante que, mesmo em apenas quatro dias de atuação, contribuiu para o avanço significativo nas buscas por vítimas e desaparecidos.
A missão foi liderada pelo então embaixador de Israel no Brasil, Yossi Shelley, a pedido direto do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, em um claro gesto de solidariedade ao povo brasileiro em sua dor.
CONTRASTE: AJUDA IGNORADA E CONDENAÇÃO DIPLOMÁTICA
Quase seis anos depois, o cenário é outro. O atual governo brasileiro, sob a liderança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), adota uma postura crítica e condenatória diante da recente reação de Israel aos ataques vindos do Irã.
Na sexta-feira (13), o Itamaraty divulgou uma nota condenando os bombardeios israelenses contra alvos militares iranianos, chamando-os de “clara violação à soberania do Irã e ao direito internacional”. O texto ainda alertava para o risco de uma guerra de larga escala no Oriente Médio, responsabilizando Israel por esse possível desfecho.
Essa declaração gerou fortes reações da oposição brasileira, especialmente de parlamentares alinhados à defesa da democracia e ao apoio histórico entre Brasil e Israel.
O deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) criticou duramente o posicionamento do governo Lula, afirmando que o Irã ataca civis, enquanto Israel age contra bases militares. “O Itamaraty não enxerga diferença nestas condutas, ou pior, incrivelmente condena Israel! Lula não tem moral para opinião sobre nada neste conflito”, escreveu o parlamentar nas redes sociais.
SENADOR REBATE E DEFENDE ISRAEL
O Grupo Parlamentar Brasil-Israel, presidido pelo senador Carlos Viana (Podemos-MG), também se manifestou com indignação diante da postura oficial brasileira. Em sua avaliação, o governo Lula escolhe se alinhar aos que disseminam o terror, ao invés de apoiar “as nações livres e democráticas”.
Viana reforçou que os alvos israelenses foram estratégicos, com foco em impedir o avanço de um possível programa nuclear iraniano. “Com apoio internacional, as ações israelenses visam prevenir uma ameaça real e crescente”, destacou o senador.
MEMÓRIA E CONTRADIÇÃO
A posição do governo brasileiro no atual conflito chama atenção não apenas pela parcialidade, mas pela incoerência histórica. Afinal, Israel estendeu a mão ao Brasil quando nenhum outro país o fez, salvando vidas e oferecendo apoio tecnológico inestimável em Brumadinho.
Enquanto isso, o atual posicionamento diplomático do Palácio do Planalto acende um alerta entre analistas internacionais e membros da sociedade civil sobre o rumo da política externa brasileira, que parece ignorar aliados de longa data em favor de regimes considerados autoritários por grande parte da comunidade internacional.