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Pr. Luciano Gomes

Eu Sou o Que Sou”: A revelação do nome de Deus a Moisés

Pr. Luciano Gomes

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A cena do chamado de Moisés no Monte Horebe é uma das mais marcantes da Bíblia. Em meio a uma sarça ardente que não se consumia, Deus se revela e dá a Moisés uma missão extraordinária: libertar Israel da escravidão do Egito. Diante da grandeza desse chamado, Moisés faz uma pergunta crucial: “Quando eu for aos filhos de Israel e lhes disser: O Deus de seus pais me enviou a vocês, e eles me perguntarem: Qual é o seu nome? Que lhes direi?” (Êxodo 3:13). A resposta divina ecoa pela eternidade:

“Eu Sou o Que Sou” (Êxodo 3:14).

Este nome carrega uma profundidade teológica imensurável. O que Deus estava revelando sobre Si mesmo? Como essa declaração influenciou a fé de Israel e do cristianismo? Vamos explorar essas questões.

  1. O Contexto do Chamado de Moisés

Moisés estava pastoreando o rebanho de Jetro quando teve um encontro inesperado com Deus. A sarça ardente simbolizava a presença divina: fogo que não se consome, indicando a autoexistência de Deus e Sua santidade.

Deus ordena que Moisés tire as sandálias, pois estava em terra santa (Êxodo 3:5). Esse gesto representava reverência e reconhecimento da santidade de Deus. A teologia bíblica ensina que a santidade de Deus separa o divino do profano, e a resposta de Moisés demonstra o temor diante da glória do Senhor.

  1. “O Deus de Abraão, Isaque e Jacó”

Antes de revelar Seu nome, Deus Se apresenta como o Deus de seus antepassados (Êxodo 3:6). Essa identificação enfatiza dois aspectos fundamentais:

  1. Fidelidade à aliança – Deus é o mesmo que fez promessas a Abraão (Gênesis 12:1-3), reafirmou a Isaque e confirmou a Jacó.
  2. Pessoalidade e continuidade – Deus não é uma divindade distante, mas Aquele que acompanha Seu povo geração após geração.

Essa revelação prepara o caminho para a compreensão mais profunda do nome divino.

  1. O Significado de “Eu Sou o Que Sou”

Quando Moisés pergunta o nome de Deus, ele não está apenas pedindo um título, mas uma compreensão sobre quem Deus é. A resposta, em hebraico, é Ehyeh Asher Ehyeh (אֶהְיֶה אֲשֶׁר אֶהְיֶה), traduzida como “Eu Sou o Que Sou”, ou “Serei o que Serei”.

Interpretações teológicas

  1. Autoexistência e eternidade – Deus não depende de nada nem de ninguém para existir. Diferente dos deuses pagãos, que são criados e limitados, YHWH é o Ser absoluto e eterno.
  2. Imutabilidade – Deus é imutável em Sua essência. Ele não muda conforme o tempo ou as circunstâncias (Malaquias 3:6).
  3. Soberania – O nome indica que Deus é quem define Seu próprio ser e propósito. Ele não pode ser limitado pela compreensão humana.

O nome YHWH (יהוה), derivado de Ehyeh, reflete esse conceito. Os judeus consideravam o nome sagrado demais para ser pronunciado, substituindo-o por Adonai (“Senhor”).

  1. A Conexão com Jesus Cristo

No Novo Testamento, Jesus se apropria dessa revelação de maneira impactante. Em João 8:58, Ele declara:

“Antes que Abraão existisse, EU SOU.”

Essa afirmação não foi meramente gramatical. Os judeus entenderam que Jesus estava reivindicando a identidade do próprio Deus, pois imediatamente pegaram pedras para apedrejá-lo (João 8:59).

Além disso, Jesus usa a expressão “Eu Sou” em várias ocasiões:

“Eu sou o pão da vida” (João 6:35).

“Eu sou a luz do mundo” (João 8:12).

“Eu sou o bom pastor” (João 10:11).

“Eu sou a ressurreição e a vida” (João 11:25).

Cada uma dessas declarações reforça a identidade divina de Cristo e Sua relação com o nome revelado a Moisés.

  1. Implicações Teológicas para a Fé Cristã

A revelação do nome de Deus não é apenas um dado histórico, mas um fundamento para nossa fé.

  1. Confiança no caráter imutável de Deus – Em um mundo instável, podemos confiar que Deus é sempre fiel e verdadeiro.
  2. Chamado à santidade e reverência – Assim como Moisés tirou as sandálias, devemos nos aproximar de Deus com humildade.
  3. Reconhecimento de Cristo como Deus – Jesus não foi apenas um mestre ou profeta, mas a encarnação do Deus que falou a Moisés.

Conclusão

O nome “Eu Sou o Que Sou” é uma das mais profundas revelações de Deus na Escritura. Ele nos ensina sobre Sua eternidade, autoexistência e soberania. Mais do que um título, é uma afirmação de que Deus simplesmente é, sem começo nem fim.

Essa revelação culmina em Cristo, que se identifica com esse nome e nos convida a conhecê-Lo. Diante disso, nossa resposta só pode ser a mesma de Moisés: temor, adoração e obediência.

Pastor Luciano Gomes

Teólogo

 

O Pastor Luciano Gomes é um destacado líder religioso e estudioso da Bíblia, formado em Teologia pelo Seminário Teológico Evangélico Betel Brasileiro, em Cruz das Almas/BA. Ele é o criador do Grupo Crescimento Espiritual no Facebook e do blog "Crescimento Espiritual" (luvidangomes.blogspot.com), onde compartilha seus conhecimentos e reflexões sobre estudos bíblicos, mensagens e temas relevantes para a vida cristã contemporânea. Com uma abordagem interdisciplinar, o Pastor Luciano Gomes aborda temas como família, fé, ética, missões, evangelismo, discipulado, liderança, igreja e sociedade, oferecendo uma perspectiva profunda e inspiradora para os cristãos do século XXI.

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