A eleição presidencial nos Estados Unidos terminou com uma reviravolta inesperada, contrariando as projeções que favoreciam a democrata Kamala Harris. Até o dia da votação, diversas análises e veículos de mídia indicavam que a disputa estava equilibrada, mas com uma vantagem significativa para Harris. No entanto, o resultado final surpreendeu, com a confirmação da vitória de Donald Trump, em especial em estados decisivos.
Projeções Contraditórias e Mudança de Expectativas
O jornal The New York Times surpreendeu o público ao dar 87% de probabilidade de vitória para Trump pouco antes da confirmação dos resultados. A análise, baseada em pesquisas conduzidas em parceria com o Siena College, inicialmente indicava uma leve vantagem para Harris em quatro dos sete estados considerados críticos. Apesar disso, Trump obteve vitórias importantes na Carolina do Norte, Geórgia e Wisconsin, além de liderar em Nevada, onde a contagem ainda estava em andamento.
Apoio da Mídia e Previsões Favoráveis a Harris
Antes das eleições, The New York Times e outros veículos de mídia, como The Economist e The New Yorker, manifestaram apoio a Kamala Harris. Em um editorial contundente, o NYT se posicionou contra Trump, ressaltando que ele não seria apto para liderar e expressando preocupação com a democracia americana sob sua liderança. Em contraste, o jornal abordou Harris de forma mais moderada, destacando seu histórico e pedindo aos eleitores uma avaliação cuidadosa de seu perfil em comparação ao de Trump.
Resultados Divergem das Pesquisas e Gerações de Expectativas
Na reta final da eleição, pesquisas mostravam Harris em vantagem em vários estados, incluindo Michigan e New Hampshire, onde mantinha uma vantagem expressiva de 28 pontos percentuais. O “guru das eleições” Allan Lichtman, amplamente respeitado por suas previsões, também acreditava na vitória da democrata. Entretanto, os resultados desmentiram muitas dessas projeções, com Trump alcançando números decisivos na contagem de votos em estados críticos.
Cobertura da Mídia e Críticas à Imparcialidade
A cobertura sobre Harris foi amplamente positiva na maioria dos veículos de comunicação, enquanto Trump enfrentou uma avaliação predominantemente negativa, segundo uma pesquisa do Media Center Research. Esse tratamento desigual gerou críticas e levantou discussões sobre a imparcialidade da mídia americana. O analista político Leandro Ruschel destacou uma possível hostilidade da mídia e dos institutos de pesquisa em relação a Trump, considerando-a uma tentativa de favorecer Harris.
O economista Bruno Musa sugeriu que falhas metodológicas e o viés ideológico da mídia possam ter influenciado nas previsões incorretas. Ele apontou que o modo como as perguntas são formuladas em pesquisas pode afetar as respostas, além de uma tendência de alinhamento ideológico com o Partido Democrata por parte de alguns jornalistas.
Papel da Mídia na Construção da Imagem Eleitoral
A mídia tem uma função essencial na construção da imagem dos candidatos e no cenário político, mas enfrenta desafios para manter sua credibilidade e influência. O especialista Ricardo Gomes questionou se os veículos de comunicação continuarão a adotar posições políticas que nem sempre refletem o desejo popular ou se buscarão um caminho de maior profissionalismo e imparcialidade.
A inesperada vitória de Donald Trump nas eleições americanas revela a necessidade de ajustes na cobertura e análise política da mídia, que, para preservar sua credibilidade, deve reavaliar práticas e evitar vieses que possam distanciar-se das realidades eleitorais.