Há perguntas que atravessam os séculos sem perder a força. Algumas delas não se calam nem mesmo diante dos avanços da ciência ou da multiplicidade de filosofias. “Deus existe?” é uma dessas perguntas. Ela incomoda, desafia, provoca… mas também inspira.
Não estamos falando de um mero debate intelectual, mas de algo que toca as entranhas da existência humana. Negar ou afirmar a existência de Deus não é apenas um exercício de lógica; é uma escolha que molda visões de mundo, define valores e direciona caminhos.
Neste artigo, não pretendo oferecer uma fórmula pronta nem disputar com céticos como se estivéssemos em uma arena. A proposta é outra: refletir com profundidade, ouvir vozes antigas e modernas, examinar o testemunho da criação e da consciência, e, acima de tudo, permitir que a Palavra fale — porque ela fala, e fala com autoridade.
Convido você a caminhar comigo nesta jornada, onde fé e razão não são inimigas, mas aliadas na busca por uma verdade que, talvez, esteja mais próxima do que imaginamos.
- A Bíblia não tenta provar Deus — ela parte da certeza de que Ele É
A primeira frase da Bíblia já nos confronta com uma declaração ousada e definitiva:
“No princípio, Deus criou os céus e a terra.” (Gênesis 1.1)
Não há defesa filosófica, não há tentativa de provar. Há afirmação. Para o texto sagrado, a existência de Deus é o ponto de partida e não uma tese a ser debatida. Isso nos revela algo profundo: Deus não é um ser que precisa ser explicado — Ele é o fundamento de toda explicação.
E se tudo o que existe teve um começo, como a própria ciência já reconhece, então é razoável pensarmos que algo — ou melhor, Alguém — teve que existir antes de tudo. E esse Alguém não poderia ter sido criado, porque, se foi criado, depende de outro. Deus, no entanto, é autossuficiente, eterno, autoexistente.
Quando Moisés pergunta quem Ele é, Deus responde:
“Eu Sou o que Sou” (Êxodo 3.14) — uma afirmação de existência absoluta, contínua, eterna.
O apóstolo Paulo reafirma essa verdade ao pregar no Areópago, dizendo:
“Deus não habita em templos feitos por mãos humanas… pois Ele mesmo é quem a todos dá vida, respiração e tudo mais.” (Atos 17.24-25)
Em outras palavras: Deus não depende de nada, mas tudo depende d’Ele.
- A Criação Fala — A Natureza Testemunha
Mesmo que alguém nunca tenha lido uma linha da Bíblia, há um sermão sendo pregado silenciosamente todos os dias: o sermão da criação.
O salmista declara:
“Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia a obra das suas mãos.” (Salmo 19.1)
A harmonia do universo, as leis que regem a vida, o design da natureza, a beleza de um pôr do sol, a complexidade do DNA humano — tudo isso grita: “Isso não veio do acaso!”
O apóstolo Paulo reforça:
“Desde a criação do mundo os atributos invisíveis de Deus — seu eterno poder e sua natureza divina — têm sido vistos claramente, sendo compreendidos por meio das coisas criadas.” (Romanos 1.20)
Negar isso, segundo Paulo, é suprimir uma verdade evidente.
- A Consciência Humana Clama por um Criador
Há algo dentro do ser humano que busca o transcendente. Chame de sede, vazio, inquietação — todos os povos, em todas as épocas, buscaram algum tipo de divindade. Isso não é coincidência cultural, é sinal de uma marca deixada pelo Criador na alma da criatura.
O escritor de Eclesiastes já dizia:
“Deus colocou a eternidade no coração do homem.” (Eclesiastes 3.11)
Mesmo quem nega Deus não consegue fugir da pergunta: “Qual o sentido de tudo isso?”
- Fé e Razão Não São Inimigas
É importante lembrar: a fé cristã não é cega. Ela não exige que abandonemos a razão, mas que a completemos. Como dizia C.S. Lewis:
“Acredito no cristianismo como acredito que o sol nasceu, não apenas porque o vejo, mas porque por ele vejo todas as coisas.”
A existência de Deus não pode ser provada no laboratório, como se fosse um experimento científico. Mas ela pode ser percebida pela razão, sustentada por argumentos sólidos e confirmada na experiência pessoal com o Deus vivo.
- Se Deus Existe, Isso Muda Tudo
Negar a existência de Deus é mais do que rejeitar uma crença — é recusar um chamado. Porque, se Deus existe, então Ele não é apenas o Criador — Ele é Senhor. E se Ele é Senhor, temos que encará-Lo. Precisamos responder à Sua presença.
O cristianismo não apresenta um Deus distante, frio ou indiferente. Aponta para um Deus que se fez carne, que habitou entre nós, que revelou Seu amor de forma visível e concreta em Jesus Cristo.
A maior prova de que Deus existe talvez não esteja nos céus ou nas teorias, mas no madeiro.
A cruz é a prova de que Deus não apenas existe — Ele se importa. Ele nos ama.
Conclusão
A pergunta continua ecoando: “E se Deus realmente existe?”
Se Ele existe — e eu creio firmemente que sim — então temos uma esperança viva, uma razão para levantar todas as manhãs, uma direção para seguir, um propósito para viver.
Não é apenas uma questão intelectual. É uma decisão existencial. Negar Deus é negar a si mesmo. Mas reconhecê-Lo é o primeiro passo para entender quem somos, por que estamos aqui e para onde vamos.
Meu convite não é para um debate, mas para um encontro. Um encontro com o Deus que criou os céus, formou você e deseja caminhar ao seu lado — hoje e por toda a eternidade.
Pastor Luciano Gomes, Teólogo