O dólar atingiu um patamar histórico nesta quarta-feira (27), encerrando o dia cotado a R$ 5,9135, a maior marca nominal desde a criação do real. A moeda norte-americana chegou a alcançar R$ 5,9289 ao longo do dia, impulsionada pelo anúncio do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil mensais.
Incertezas Econômicas e Reações do Mercado
O mercado financeiro reagiu com desconfiança à medida, especialmente em um cenário já marcado por incertezas sobre o plano fiscal do governo. O pacote, que deveria ter sido apresentado após as eleições municipais, sofreu diversos adiamentos, gerando apreensão entre investidores sobre a capacidade do governo de equilibrar receitas e despesas.
Andréa Damico, economista-chefe da Buysidebrazil, criticou a decisão:
“O anúncio da isenção de IR junto ao pacote de cortes de gastos é prejudicial. Ele compromete ainda mais a credibilidade do governo, que já estava fragilizada pelos atrasos.”
Além disso, enquanto o dólar recuava em relação a outras moedas globais, o real sofreu um movimento de desvalorização, destacando a fragilidade da economia brasileira no cenário internacional.
Pacote Fiscal: O Que Está Por Vir
O governo promete apresentar oficialmente, nesta quinta-feira (28), um pacote de medidas para conter gastos. Entre as propostas estão mudanças no Benefício de Prestação Continuada (BPC), abono salarial, política de reajuste do salário mínimo e benefícios de militares. Também estão previstas alterações no Vale Gás e a imposição de limites aos chamados “supersalários”.
Cristiane Quartaroli, economista-chefe do Ouribank, comentou sobre a decisão:
“A redução na arrecadação com a isenção de IR vai na contramão do esforço necessário para equilibrar as contas públicas.”
Histórico e Impactos
O valor do dólar desta quarta-feira superou o recorde anterior de R$ 5,9008, registrado em maio de 2020, durante a pandemia. No mercado intradiário, o maior pico segue sendo R$ 5,9718, alcançado em 14 de maio de 2020.
Fernando Haddad teria tentado convencer o presidente Lula a postergar a isenção do IR, mas o presidente optou por manter a proposta, visando preservar apoio popular. André Galhardo, consultor econômico da Remessa Online, avaliou:
“O receio é de que o governo adote um esforço insuficiente para reduzir despesas, priorizando medidas populares em detrimento do equilíbrio fiscal.”