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Pr. Luciano Gomes

Disciplina na igreja: Restauração ou exclusão?

Pr. Luciano Gomes

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A disciplina dentro da igreja é um tema muitas vezes difícil, mas de extrema importância. Quando falamos sobre correção e restauração, surge uma dúvida comum: até onde a igreja pode ir para disciplinar seus membros? Quando é necessário excluir alguém da comunhão e quando é o momento de trabalhar para restaurar esse irmão ou irmã? Para entendermos isso, é fundamental olharmos para o que a Bíblia nos ensina. O objetivo da disciplina cristã nunca deve ser a humilhação ou rejeição, mas sempre a restauração da alma e o restabelecimento da comunhão com Deus e com a igreja.

  1. A Disciplina Corretiva: Quando a Exclusão é Necessária

Em 1 Coríntios 5, Paulo nos dá um exemplo claro de uma situação onde a disciplina corretiva, que inclui a exclusão, foi necessária. Havia na igreja de Corinto um caso de imoralidade sexual grave, em que um homem estava mantendo um relacionamento com a mulher de seu próprio pai. Paulo não só condena a prática, mas instrui a igreja a excluir essa pessoa da comunidade:

“Que tal homem seja entregue a Satanás para a destruição da carne, a fim de que o espírito seja salvo no dia do Senhor Jesus.” (1 Coríntios 5:5)

Aqui, a exclusão não é uma punição para destruir a pessoa, mas uma tentativa de chamar a atenção do indivíduo para a seriedade de seu pecado e levá-lo ao arrependimento. A medida é extrema, mas necessária quando a pessoa não demonstra arrependimento e persiste no erro. A ideia é que, ao ser afastado da comunhão, o indivíduo possa refletir sobre suas ações e, finalmente, se arrepender, restaurando sua relação com Deus e com a igreja.

  1. A Disciplina Formativa: O Caminho da Restauração

Por outro lado, quando um membro se arrepende sinceramente e deseja mudar, o pastor tem um papel crucial na sua restauração. O objetivo aqui não é a exclusão, mas sim trabalhar com a pessoa para ajudá-la a corrigir sua vida. Em Gálatas 6:1, Paulo nos ensina como devemos agir com o irmão que falha:

“Irmãos, se alguém for surpreendido em algum pecado, vós, que sois espirituais, restaurem-no com mansidão. E cuidado, cada um, para que também não seja tentado.”

A disciplina formativa é um processo de cura e transformação. Quando alguém confessa seu pecado e se mostra disposto a mudar, é o momento de o pastor e a igreja estenderem a mão para ajudar, oferecendo acompanhamento espiritual, oração, e, se necessário, suporte emocional ou psicológico. O pastor deve ser alguém que não apenas prega a Palavra de Deus, mas que também cuida das ovelhas com amor e paciência.

Esse processo não deve ser apressado. Se a pessoa se aproxima do pastor com um coração quebrantado, isso já é um sinal de arrependimento genuíno. Ao oferecer-lhe ajuda, a igreja se torna um lugar de restauração, onde a pessoa tem a chance de superar seus erros e recomeçar. O papel do pastor, portanto, é cuidar do rebanho, não apenas com palavras, mas também com ações práticas, para que o membro possa voltar à comunhão com Deus e com a igreja.

  1. O Papel do Pastor: Cuidando do Rebanho

O pastor não é apenas o pregador, mas também o cuidador da alma dos membros. Em momentos de crise, como no caso de alguém que pecou, o pastor tem a responsabilidade de restaurar a pessoa com amor e compreensão. Muitos dos erros que cometemos têm raízes em traumas não resolvidos, e o pastor deve ser alguém capaz de guiar a pessoa, ajudando-a a superar não apenas o pecado em si, mas também as causas profundas que podem ter levado a esse erro.

Paulo, em 1 Pedro 5:2-3, nos dá uma visão clara do papel do pastor, que deve cuidar do rebanho com misericórdia, responsabilidade e, principalmente, exemplo:

“Pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós, não por constrangimento, mas de ânimo voluntário, nem por torpe ganância, mas de boa vontade; nem como dominadores sobre os que vos foram confiados, mas servindo de exemplo para o rebanho.”

O pastor, portanto, deve ser um exemplo de graça, paciência e compaixão, sempre pronto para guiar e restaurar os que erram, com o objetivo de trazê-los de volta à comunhão com Deus e com a igreja.

  1. Quando a Exclusão se Torna Necessária

Embora o pastor tenha a responsabilidade de restaurar o membro arrependido, há momentos em que a exclusão se torna necessária. Quando alguém insiste no erro, não se arrepende, e não quer ajuda, a exclusão pode ser a única alternativa. Jesus nos ensina em Mateus 18:15-17 sobre o processo de correção dentro da igreja. Quando a pessoa se recusa a ouvir, mesmo após várias tentativas de correção, a exclusão é a última medida, com o objetivo de proteger a igreja e dar à pessoa uma oportunidade de refletir sobre a gravidade de seu pecado.

É importante lembrar que a exclusão nunca é a solução final, mas um meio para a restauração. O objetivo sempre deve ser a salvação da pessoa, e não a sua condenação.

Conclusão: A Disciplina Cristã e a Restauração da Alma

A disciplina na igreja, portanto, não é sobre punição, mas sobre restauração. Quando um membro se arrepende sinceramente, a igreja deve ser um lugar onde ele pode encontrar ajuda, apoio e o caminho de volta para a comunhão com Deus. Mas, quando alguém se recusa a se arrepender e persiste no pecado, a disciplina corretiva e a exclusão podem ser necessárias, sempre com a esperança de que, ao ser afastado, o indivíduo reflita sobre sua condição e se arrependa.

Como pastores e líderes da igreja, nosso papel é cuidar do rebanho com graça e compaixão, lembrando que a disciplina nunca deve ser um fim, mas sempre um meio de trazer a pessoa de volta ao Senhor. Quando cumprimos esse papel com amor, paciência e sabedoria, estamos realmente sendo fiéis à nossa missão de pastorear o povo de Deus.

Pastor Luciano Gomes

Teólogo

O Pastor Luciano Gomes é um destacado líder religioso e estudioso da Bíblia, formado em Teologia pelo Seminário Teológico Evangélico Betel Brasileiro, em Cruz das Almas/BA. Ele é o criador do Grupo Crescimento Espiritual no Facebook e do blog "Crescimento Espiritual" (luvidangomes.blogspot.com), onde compartilha seus conhecimentos e reflexões sobre estudos bíblicos, mensagens e temas relevantes para a vida cristã contemporânea. Com uma abordagem interdisciplinar, o Pastor Luciano Gomes aborda temas como família, fé, ética, missões, evangelismo, discipulado, liderança, igreja e sociedade, oferecendo uma perspectiva profunda e inspiradora para os cristãos do século XXI.

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