O número de brasileiros inadimplentes atingiu um patamar alarmante em abril de 2025, com mais de 70,29 milhões de adultos enfrentando restrições de crédito em todo o território nacional. Os dados são de um estudo divulgado pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) em parceria com o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil).
A taxa representa 42,36% da população adulta com CPF negativado, abrangendo tanto as capitais quanto o interior dos 26 Estados e do Distrito Federal.
Crescimento da inadimplência preocupa especialistas
Em comparação com abril de 2024, houve um avanço de 4,59% no número de devedores, enquanto o crescimento entre março e abril deste ano foi de 1,09%. A situação evidencia a dificuldade cada vez maior das famílias brasileiras em manter as contas em dia.
José César da Costa, presidente da CNDL, atribui esse cenário à combinação de fatores como inflação persistente em itens básicos, endividamento elevado e taxa básica de juros em alta. Para ele, esses elementos formam uma tempestade perfeita que compromete o equilíbrio financeiro das famílias.
Faixa etária mais afetada: 30 a 39 anos
O levantamento revela que o grupo com maior concentração de inadimplência está entre os 30 e 39 anos, com mais de 17,38 milhões de pessoas em situação de inadimplência, o que representa 51,21% dessa faixa etária.
O maior salto, no entanto, ocorreu entre os consumidores com dívidas em atraso há 3 a 4 anos, cuja alta foi de expressivos 46,43%.
Dívidas em números
Em média, cada inadimplente possuía uma dívida de R$ 4.689,54, distribuída entre 2,18 empresas. Do total:
No acumulado de 12 meses, o volume total de dívidas atrasadas cresceu 8,75%. Entre março e abril, a alta foi de 2,22%.
O setor bancário lidera o avanço no volume de dívidas, com crescimento de 12,41%. Em contrapartida, os segmentos de serviços essenciais, como água e energia elétrica, recuaram 5,32%, e o comércio apresentou queda de 2,03%.
Bancos concentram a maioria dos débitos
As instituições financeiras concentram 66,95% das dívidas registradas no país. Em seguida, aparecem os setores de água e luz (9,78%) e o varejo (9,64%).
Segundo Roque Pellizzaro Júnior, presidente do SPC Brasil, o desafio exige ações estruturais:
“Não podemos enfrentar esse problema apenas com soluções pontuais. A educação financeira é fundamental, mas o governo precisa agir com políticas macroeconômicas eficazes que ajudem a conter a inflação sem depender exclusivamente do aumento da taxa de juros.”
Inadimplência por região
Entre as regiões brasileiras, o Centro-Oeste apresentou o maior índice de negativação, com 46,12% da população adulta em situação de inadimplência. Já o Sul teve o menor percentual, com 37,85%.
Vale destacar que o levantamento considera apenas uma dívida por empresa para cada consumidor, mesmo que ele tenha mais de um débito com o mesmo credor.