O advogado criminalista e professor universitário Jeffrey Chiquini tem acompanhado de forma intensa a situação dos detidos no contexto dos atos de 8 de janeiro. Entre os réus que ele defende está o tenente-coronel Azevedo, que permanece encarcerado desde 19 de novembro de 2024, acusado de envolvimento em uma tentativa de golpe de Estado.
Especialista em Direito Penal, Chiquini expressa indignação com o que considera uma série de decisões judiciais desproporcionais. Segundo ele, muitos dos sentenciados receberam penas severas, mesmo com envolvimento mínimo ou simbólico nos protestos.
“Existem criminosos condenados por tráfico de drogas ou homicídio que cumprem penas mais brandas, com tornozeleira eletrônica. Enquanto isso, uma mulher que apenas passou batom em uma estátua recebeu 14 anos de prisão. Isso não faz sentido”, declarou o advogado.
Chiquini afirma que apresentou evidências robustas mostrando que seu cliente, o tenente-coronel Azevedo, sequer esteve próximo da residência do ministro Alexandre de Moraes, uma das principais alegações da acusação. No entanto, segundo ele, essas provas foram ignoradas tanto pela Polícia Federal quanto pela Procuradoria-Geral da República.
O advogado também contesta a tese de tentativa real de golpe. Para ele, os eventos não configuram risco real ao Estado Democrático de Direito.
“Era domingo, período de recesso, sem armamento, sem organização militar… Tecnicamente, é o que chamamos de ‘crime impossível’. Não havia meios nem condições para que um golpe fosse efetivamente executado”, explicou Chiquini.
Com mais de uma década de atuação como professor de Direito Penal, ele relata perplexidade diante do que considera falhas graves na condução dos processos.
“Jamais imaginei presenciar erros jurídicos tão evidentes sendo cometidos por instituições que deveriam zelar pela justiça. Estamos diante de um cenário onde pessoas inocentes estão sendo punidas de forma injusta”, finalizou.