A cada ano, a crise das queimadas no Brasil parece se intensificar, com a destruição de ecossistemas inteiros, colocando em risco nossa biodiversidade e ameaçando comunidades locais. Em 2024, a situação continua alarmante e, mais uma vez, o governo se mostra ineficaz e despreparado para lidar com o problema. O governo Lula, que assumiu com a promessa de proteger o meio ambiente e retomar o protagonismo do Brasil nas questões climáticas, tem demonstrado um desempenho aquém do esperado.
O papel de liderança do governo é fundamental, mas o que se observa é uma repetição de desculpas e a transferência de responsabilidade. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, foi convocada pela Câmara dos Deputados para prestar esclarecimentos sobre o aumento das queimadas. Em sua fala, como já se tornou comum, ela se eximiu de qualquer culpa direta, atribuindo o problema a fatores climáticos e a heranças de governos passados, como o de Jair Bolsonaro. É uma tática política frequente: culpar os outros para desviar a atenção da própria ineficiência.
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Essa narrativa, no entanto, não se sustenta. Se por um lado é verdade que governos anteriores deixaram legados problemáticos, por outro, o atual governo já teve tempo suficiente para propor ações concretas e efetivas. Afinal, se o discurso de Lula e Marina Silva sempre foi pautado pela defesa ambiental, por que, até agora, pouco foi feito para prevenir ou mitigar os efeitos das queimadas?
O descaso é visível. Em vez de adotar uma postura proativa, como fortalecer a fiscalização e os órgãos ambientais, o governo prefere recorrer a discursos que transferem a culpa para eventos climáticos, uma herança da gestão anterior, ou até para fazendeiros e grupos que atuam na região. O problema é que, ao adotar essa postura, o governo não apenas se exime de sua responsabilidade, mas também desrespeita a inteligência da população, que espera por ações reais, e não apenas justificativas vagas.
O próprio presidente Lula, em sua retórica, segue o padrão: quando pressionado, ele afirma não ter culpa de nada. O “incompetente” é sempre o outro. Se há aumento nas queimadas, é o clima; se há destruição da Amazônia, é culpa dos ruralistas; se a economia não cresce como esperado, é a gestão passada. O presidente parece incapaz de assumir a responsabilidade pelos problemas que afetam diretamente o país sob sua administração.
De acordo coma reportagem da CNN Brasil, o Brasil bateu recorde de emissões de carbono desde que os dados passaram a ser monitorados, há mais de duas décadas. A informação é do Serviço de Monitoramento Atmosférico Copernicus (Cams), da União Europeia.
Segundo o Cams, do começo do ano até o momento, foram liberadas 180 megatoneladas de carbono em decorrência dos incêndios florestais. Esse número coloca o ano de 2024 no mesmo nível de 2007, quando o país bateu o recorde anterior.
Até o mês de setembro, foram detectados 202.102 focos de incêndio, um número 98% maior do que o registrado em todo o ano de 2023. De acordo com o Climatempo, esse é o maior número em sete anos.
Somente em setembro, cerca de 60 megatoneladas do gás foram emitidas, principalmente do bioma amazônico.
É urgente que o governo pare de culpar terceiros e encare de frente as crises ambientais. O Brasil possui os recursos e o conhecimento necessários para enfrentar as queimadas, mas falta vontade política e seriedade na execução de políticas públicas. Precisamos de um governo que se comprometa, que saia do discurso e tome ações práticas para proteger nosso meio ambiente. Enquanto isso não acontecer, a floresta continuará a arder, e o Brasil, a perder.