Pr. Luciano Gomes

A Jornada da quaresma: Da quarta-feira de cinzas ao domingo de ramos

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Embora eu seja teólogo e pastor evangélico, acredito que, apesar das diferenças doutrinárias que possam existir entre as diversas vertentes religiosas, é fundamental manter o respeito, a tolerância e o interesse pelas práticas espirituais de outras tradições. Este estudo, portanto, busca não só aprofundar nossa compreensão da Quarta-feira de Cinzas e da Quaresma na Igreja Católica, mas também celebrar a riqueza cultural e religiosa que essas tradições trazem, independente das nossas diferenças.

A Origem da Quarta-feira de Cinzas: Um Símbolo de Arrependimento

A Quarta-feira de Cinzas marca o início de um tempo de reflexão e renovação. As cinzas, em diversas tradições religiosas, são usadas como um símbolo de arrependimento e humildade, representando a finitude da vida humana e o desejo de transformação. A Igreja Católica, ao adotar esse ritual, resgata uma prática antiga, com raízes que podem ser encontradas tanto no Antigo Testamento quanto nas tradições judaicas, e tem um valor profundo na vida de muitos cristãos.

Compreendo que, como evangélicos, a prática de impor as cinzas não faz parte da nossa liturgia, mas é importante reconhecer que, para muitos, essa tradição serve como um ponto de partida para um processo de purificação espiritual que se estende por toda a Quaresma.

A Quaresma: Um Tempo de Reflexão e Preparação

A Quaresma é um período de 40 dias dedicado ao jejum, oração e caridade. Embora a prática de jejuar e se abster de certos prazeres seja mais enfatizada na Igreja Católica, para nós, como cristãos evangélicos, a Quaresma pode servir como um convite para qualquer momento de reflexão pessoal e crescimento espiritual. O essencial é que esse período seja vivido de maneira a nos aproximar mais de Deus, nos purificando não apenas dos excessos físicos, mas também daqueles vícios e apegos espirituais que nos afastam Dele.

Apesar das diferenças na forma como vivenciamos a Quaresma, o conceito de santidade e preparação para a Páscoa é universal entre os cristãos, e isso deve ser respeitado e valorizado.

Domingo de Ramos: A Alegria da Entrada Triunfal

O Domingo de Ramos, um momento de celebração da entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, é um exemplo claro de como tradições religiosas podem transcender denominações. Para os católicos, esse dia é um marco importante, que antecede os eventos que culminarão na Páscoa. Embora a forma de celebração seja distinta, o sentido profundo do evento — Jesus vindo como Rei e Messias para trazer salvação — é um ponto de convergência entre todas as vertentes cristãs.

Em minha perspectiva evangélica, vemos esse momento como um convite à reflexão sobre como recebemos Cristo em nossas vidas. Somos chamados a não apenas aplaudi-Lo à distância, mas a acolhê-Lo no coração, reconhecendo Sua autoridade sobre nós.

Rumo à Páscoa: Uma Jornada de Esperança e Renovação

A Quaresma, com todas as suas práticas de penitência e oração, é uma preparação para a Páscoa. Independentemente da tradição, a Páscoa é o centro da fé cristã: a ressurreição de Cristo, que nos oferece perdão, esperança e nova vida. A reflexão sobre o sacrifício de Jesus deve ser um momento de crescimento espiritual, onde, como cristãos, somos chamados a viver com mais intensidade e autenticidade os ensinamentos que Ele nos deixou.

Neste tempo de Quaresma, tanto para católicos quanto para evangélicos, o foco deve ser o mesmo: um coração renovado, mais próximo de Deus e mais sensível à Sua vontade.

Conclusão: Respeito, Tolerância e Crescimento Espiritual

Ao refletirmos sobre a Quarta-feira de Cinzas e a Quaresma, reconhecemos que, embora as práticas possam variar, o propósito central é o mesmo: um chamado à transformação espiritual. Como cristãos, e como pessoas que respeitam as diferentes expressões de fé, somos desafiados a buscar o melhor da nossa caminhada com Deus e a entender as diferentes formas de vivência religiosa.

A Quaresma, para mim, não é apenas uma prática litúrgica, mas uma oportunidade de fortalecer a espiritualidade, de aprofundar nosso compromisso com Cristo e de respeitar o caminho de outros que buscam, de maneira sincera, o crescimento espiritual e a paz interior.

Pastor Luciano Gomes

Teólogo

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