Pr. Luciano Gomes

A desconfiança que destrói: por que algumas esposas acreditam mais em estranhas do que em anos de convivência?

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Vivemos tempos estranhos. Em meio a pegadinhas de internet que viralizam diariamente, uma cena tem se tornado cada vez mais comum: casais tranquilos num restaurante ou praça, e de repente, aparece uma mulher dizendo ser amante do homem. Sem provas, sem diálogo, sem contexto. E o mais preocupante: muitas esposas reagem de forma impulsiva, acreditam na estranha e colocam todo um relacionamento de anos em xeque.

A pergunta que não quer calar é: por que isso acontece?

Essa reflexão não nasce de julgamento, mas de uma preocupação pastoral, humana e social. Em uma dessas situações, eu mesmo vi algo semelhante. Estava com um amigo cristão, homem íntegro, casado, e ao encontrar um brinco no chão, fiz uma brincadeira inocente, colocando-o no bolso da camisa dele. A resposta dele me surpreendeu: “Não faça isso. Se minha esposa encontrar, vai dar problema. Ela não vai acreditar.” Aquilo ficou na minha mente. Como pode uma relação construída com integridade e fidelidade ser tão frágil diante de algo tão pequeno?

O impulso emocional feminino

A psicologia explica que, em situações de estresse ou surpresa, o cérebro ativa rapidamente a amígdala, parte responsável pelas reações emocionais. Quando isso acontece, o córtex pré-frontal, que cuida da razão e do julgamento, demora alguns segundos para entrar em ação. Essa diferença pode fazer com que a reação imediata seja impulsiva, emocional e, por vezes, destrutiva.

Segundo estudos do neurocientista Joseph LeDoux, reações emocionais podem ser mais rápidas e automáticas que reações racionais justamente por essa rota direta da amígdala com os sentidos. Isso explica por que, em algumas mulheres, o choque de ouvir uma acusação de traição desencadeia uma resposta imediata de raiva ou desconfiança.

Além disso, a psicologia comportamental aponta que experiências traumáticas anteriores, insegurança emocional e baixa autoestima contribuem para que a pessoa esteja sempre “na defensiva”, reagindo antes de analisar.

A cultura da desconfiança

Vivemos numa era onde a fidelidade é desacreditada. Filmes, novelas e redes sociais reforçam constantemente a ideia de que todo homem trai e que é melhor desconfiar do que confiar. Isso cria uma cultura tóxica onde até mesmo os casamentos saudáveis são contaminados pela suspeita.

A Palavra de Deus nos alerta contra esse tipo de pensamento injusto:

“O amor tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta” (1 Coríntios 13:7).

Isso não quer dizer ser ingênuo, mas sim dar ao outro o benefício da dúvida, prezando pelo diálogo e não pela acusação impulsiva.

A importância do diálogo e da confiança

Casamento é alicerçado na confiança construída com o tempo, com provas de amor no cotidiano, com respeito mútuo. Quando uma mulher acredita mais na palavra de uma desconhecida do que na história que construiu com seu marido, é sinal de que algo precisa ser restaurado: a comunicação e o afeto.

A Bíblia nos lembra:

“A mulher sábia edifica a sua casa, mas a insensata, com as próprias mãos a derruba” (Provérbios 14:1).

Se algo estranho surgir – como um brinco no bolso – que a reação não seja gritaria, mas diálogo. Um simples: “O que é isso?” pode evitar uma ferida profunda.

O que dizem os especialistas?

A terapeuta de casais Dra. Ana Canosa, em entrevistas e artigos, afirma que muitos relacionamentos terminam não por infidelidade real, mas por falta de comunicação emocional. Ela diz: “A confiança é construída com palavras, atitudes e consistência. Se ela não for alimentada, qualquer boato vira verdade.”

Outra referência importante é a psicóloga e escritora Lisa Firestone, que defende que a maneira como lidamos com o ciúme e a desconfiança tem mais a ver com nossas feridas emocionais do que com a realidade em si.

Um conselho às esposas

Com todo respeito e carinho, minha palavra é: não destrua o que você construiu com amor por causa de uma pegadinha ou insinuação.

Se algo te incomodar, fale. Pergunte. Converse. Acredite primeiro no que você viveu, no que você conhece.

Se existe amor, confie. E se há dúvidas, resolva com sabedoria.

“Não julgueis segundo a aparência, e sim segundo a reta justiça.” (João 7:24)

Conclusão

O casamento precisa ser um espaço seguro, onde o outro saiba que será ouvido e compreendido, mesmo diante de situações inusitadas. O que falta, muitas vezes, não é fidelidade, mas maturidade emocional. E essa maturidade começa com uma decisão: confiar ou viver em constante suspeita.

Que Deus abençoe cada lar, cada esposa, cada marido. Que o Espírito Santo nos ajude a sermos prudentes, pacientes e cheios de discernimento.

Pastor Luciano Gomes,

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