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Política Nacional

A Abstenção nas Eleições de 2022: O impacto dos “Isentões” no retorno de Lula à presidência.

Luciano Gomes

Publicado

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As eleições presidenciais de 2022 no Brasil foram, sem dúvida, um dos momentos mais polarizadores da história recente. Com dois candidatos, Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva, ambos com legados e histórias controversas, o pleito atraiu uma grande atenção. Porém, um fenômeno que não pode ser ignorado, e que teve grande impacto no resultado final, foi a abstenção histórica de 32 milhões de eleitores. Esse número expressivo, que representa cerca de 20% do eleitorado, levanta questões importantes sobre a postura dos “isentões” – eleitores que, por diferentes motivos, escolheram não participar da eleição.

O Que Explica a Abstenção?

Muitos se perguntam: por que tantos brasileiros decidiram não votar? O motivo principal é a insatisfação com os candidatos apresentados. Em um cenário polarizado, com duas figuras tão controversas e carregadas de críticas, muitos eleitores simplesmente não se sentiram representados. No caso de Bolsonaro, a gestão foi marcada por crises políticas, escândalos e acusações de corrupção. Já Lula, apesar de ser um ex-presidente popular, enfrentava seu próprio histórico de corrupção, com casos como o Petrolão e o Mensalão. Para muitos, essas opções não eram viáveis.

A abstenção, muitas vezes, é uma forma de protesto. Não votar ou votar nulo ou em branco pode ser visto como uma maneira de expressar descontentamento com a política vigente. Quando os eleitores não se sentem conectados aos candidatos ou acreditam que não há opções verdadeiramente representativas, a abstenção se torna uma escolha, mesmo que involuntária.

A Abstenção e Seu Impacto nas Eleições

Embora o foco tenha sido, naturalmente, nos votos de Lula (60 milhões) e Bolsonaro (58 milhões), a abstenção de 32 milhões de eleitores não pode ser deixada de lado. A matemática eleitoral mostra que a diferença entre os dois candidatos foi de apenas pouco mais de 2 milhões de votos. Imagine se esses 32 milhões de eleitores que se abstiveram tivessem ido às urnas. Se todos, ou até uma parte significativa, tivessem se manifestado, o resultado da eleição poderia ter sido bem diferente.

O grande problema é que, ao se absterem, muitos desses eleitores não estavam, de fato, se posicionando contra um dos dois candidatos principais. Estavam, na verdade, desistindo de um sistema que os parecia falho. A omissão dos “isentões” acabou contribuindo para a vitória de Lula, que, apesar dos escândalos de corrupção envolvendo seu partido, conseguiu manter uma base sólida de apoio.

Por Que os Isentões Não Votaram?

É fundamental entender o que motivou os isentões a se afastarem do processo eleitoral. Além da insatisfação com os candidatos, muitos brasileiros estavam desiludidos com o próprio sistema político. Em uma eleição marcada por escândalos de corrupção e uma polarização extrema, muitos sentiram que, independentemente de quem ganhasse, nada de substancial mudaria. Essa percepção de que “todos são iguais” ou “não há alternativas”, alimentada pela falta de confiança nas figuras políticas tradicionais, fez com que muitos simplesmente optassem por se ausentar.

Especialistas apontam que, em muitos casos, a abstenção está diretamente ligada ao desgaste político e à falta de representatividade. Eleitores que não acreditam que seu voto fará a diferença preferem se omitir, em vez de participar de um processo em que não veem uma opção digna de escolha. Isso é um reflexo claro da desconexão entre o eleitorado e os políticos, que precisam urgentemente trabalhar para restabelecer essa relação de confiança.

O Retorno de Lula: Um Resultado Facilitado pela Abstenção

É impossível negar que a abstenção ajudou, de certa forma, a garantir a vitória de Lula. O ex-presidente, que enfrentou inúmeras acusações de corrupção, foi eleito novamente após cumprir pena e ser reabilitado politicamente. Para muitos, o retorno de Lula ao poder é uma continuidade de um ciclo vicioso marcado por escândalos, e sua vitória foi facilitada pela desilusão de uma parte do eleitorado.

Embora os 60 milhões de votos de Lula tenham sido suficientes para sua vitória, os 32 milhões de isentões não podem ser descartados. Se esses eleitores tivessem ido às urnas, sua omissão poderia ter contribuído para a escolha de um outro candidato, ou pelo menos para um cenário mais equilibrado. No fim das contas, a abstenção não é uma ausência de opinião, mas sim uma manifestação de descontentamento com o sistema e com as opções apresentadas.

Conclusão: O Desafio de Engajar os Isentões

O número recorde de abstenções nas eleições de 2022 é um sinal claro de que a política brasileira precisa urgentemente de uma renovação. Os eleitores não podem ser simplesmente classificados como indiferentes ou desinteressados; eles estão, na verdade, buscando por alternativas genuínas, por opções que verdadeiramente os representem.

A democracia é sólida quando os cidadãos se sentem parte do processo e acreditam que seu voto pode gerar mudanças reais. No entanto, a polarização extrema e os escândalos de corrupção que marcaram essas eleições enfraqueceram essa confiança. Para que o sistema democrático brasileiro continue funcionando de maneira eficaz, será necessário reconquistar a confiança dos isentões, oferecendo-lhes não apenas opções, mas opções de qualidade, que representem suas reais necessidades e expectativas.


As opiniões e afirmações expressas neste artigo são de responsabilidade exclusiva dos autores, não refletindo necessariamente a opinião institucional e jornalística do Veja Aqui Agora.


 

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