O dólar segue em trajetória de alta e ultrapassou os R$ 6 nesta segunda-feira (16), renovando o maior valor registrado em mais de 30 anos. Apesar das ações do Banco Central (BC), que realizou dois leilões de dólares para conter a escalada da moeda, o fechamento do dia foi de R$ 6,0934, representando um aumento de 1,03%.
Intervenções do Banco Central
Na abertura do mercado, o dólar atingiu R$ 6,0986, com alta de 1,12%. Para tentar conter essa valorização, o Banco Central ofertou US$ 1,6 bilhão em moeda à vista, com taxa de R$ 6,04. O lote foi completamente vendido. Posteriormente, um segundo leilão com recompra, no valor de US$ 3 bilhões, também teve adesão total, mas os esforços foram insuficientes para estabilizar o mercado.
Por volta das 12h50, a moeda americana operava a R$ 6,0729, acumulando alta de 5% no mês e mais de 25% no ano. Paralelamente, os juros futuros para contratos entre 2026 e 2029 subiram, alcançando níveis superiores a 15% ao ano.
Fatores por trás da alta do dólar
A valorização do dólar reflete a cautela crescente dos investidores diante do cenário fiscal brasileiro. A apresentação recente de um pacote de contenção de gastos pelo governo, que deveria fortalecer a confiança no equilíbrio das contas públicas, provocou o efeito oposto, ampliando as incertezas no mercado.
O aumento na demanda por dólares nesta época do ano, impulsionado por remessas de dividendos ao exterior, também contribui para a pressão cambial. Ainda assim, o movimento é predominantemente guiado pela preocupação com a sustentabilidade fiscal.
Ações do governo e impactos no mercado
Na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa de juros em um ponto percentual, passando de 11,25% para 12,25%, e sinalizou novos aumentos nas próximas reuniões. O objetivo é controlar a inflação e atrair investidores, mas a medida também impacta o crescimento econômico.
Nesta segunda, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reiterou que o governo está comprometido em cumprir a meta fiscal. Ele destacou que o presidente acompanha de perto a tramitação de medidas no Congresso para equilibrar o orçamento.
Votações no Congresso
A Câmara dos Deputados inicia esta semana com uma sessão extraordinária marcada para as 17h, destinada à regulamentação da reforma tributária e a votações de projetos ligados ao pacote fiscal. O objetivo é aprovar o plano de cortes de R$ 70 bilhões até sexta-feira (22), antes do início do recesso parlamentar.
Além disso, o Congresso deverá concluir a análise da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e da Lei Orçamentária Anual (LOA), fundamentais para definir os rumos das contas públicas em 2025.
Conclusão
Apesar das tentativas do Banco Central e das sinalizações do governo, o dólar mantém sua tendência de alta, refletindo a falta de confiança dos investidores no cenário fiscal. O sucesso das votações no Congresso e a implementação efetiva das medidas de ajuste serão determinantes para reverter essa trajetória e trazer maior estabilidade ao mercado.