A cantora e pastora gospel Flordelis dos Santos, atualmente cumprindo uma pena de 50 anos pelo assassinato do marido, participou da final do concurso musical Voz da Liberdade, promovido pela Secretaria de Administração Penitenciária (Seap). O evento ocorreu nesta quinta-feira (28), no Instituto Penal Djanira Dolores de Oliveira, localizado em Bangu, Rio de Janeiro. Apesar de estar entre as 17 finalistas, Flordelis não foi premiada.
Uma competição acirrada
O concurso reuniu 150 participantes de sete unidades prisionais, incluindo detentas e mulheres transexuais. O repertório foi diversificado, abrangendo desde músicas evangélicas até gêneros como axé, pop e samba. A vencedora foi Cassiane Victoria Moura Martins, presa por tráfico de drogas, que emocionou a todos ao interpretar a canção gospel Posso Clamar, de Eyshila. Os outros destaques da competição foram Desirrée Felipe e Rayane Dutra, que conquistaram o segundo e terceiro lugares, respectivamente.
Persistência e música como refúgio
Em entrevista ao jornal O Globo, Flordelis revelou que a música continua sendo uma parte essencial de sua vida. Além de participar do concurso, ela também faz parte de um coral na prisão, atividade que considera indispensável.
“Cantar é minha essência, está no meu DNA. Mesmo aqui, não abro mão disso”, declarou.
Durante o concurso, Flordelis apresentou a música A Volta Por Cima, cujo conteúdo reflete sua jornada pessoal e os desafios enfrentados.
Reflexões e apoio emocional
Apesar de não levar o prêmio, Flordelis destacou que ainda encontra forças para seguir adiante. Segundo ela, muitas pessoas ainda acreditam em sua inocência e enviam cartas de apoio de várias partes do mundo.
“Recebo cartas do Brasil e do exterior. Essas mensagens me ajudam a continuar, mesmo diante das decepções”, afirmou.
Ela também mencionou que mantém um relacionamento com o produtor cultural Allan Soares, de 25 anos, que tem sido um suporte importante durante sua prisão.
Controvérsias e negações
Flordelis segue negando qualquer envolvimento na morte do pastor Anderson do Carmo, ocorrido em junho de 2019. Em suas declarações, ela afirmou que desejaria que ele estivesse vivo para esclarecer diversas questões.
“Eu sei a esposa que fui. Sempre o respeitei como líder dentro e fora de casa”, comentou.
Além disso, ela reafirmou acusações contra o pastor, incluindo denúncias de abuso sexual contra familiares.
Um futuro incerto
Mesmo com o peso de sua sentença, Flordelis continua participando ativamente das atividades musicais na prisão e aguarda um novo julgamento. Para ela, a música é um meio de manter sua fé e resiliência diante das adversidades.